Título: Projeto poderá receber recursos do FGTS
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 30/04/2008, Empresas, p. B8

O fundo de investimento em projetos de infra-estrutura do FGTS aprovou participação de cerca de 10% no capital da usina de Jirau. O fundo de investimento, conhecido como FI-FGTS, é uma das medidas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para alavancar recursos para investimentos em infra-estrutura, como energia, transportes e saneamento. Neste ano, o orçamento do fundo é de R$ 5 bilhões, e, nos próximos anos, os investimentos poderão chegar a R$ 17 bilhões.

O comitê de investimento do FI-FGTS, formado por representantes do governo e da sociedade civil, aprovou modelo de participação no leilão da usina semelhante ao anunciado recentemente pelos fundos de pensão Petros e Funcef. A Caixa Econômica Federal, responsável pela gestão do FI-FGTS, procurou os consórcios conhecidos que pretendem disputar o leilão para propor participação de cerca de 10% na estrutura acionária.

"O FI-FGTS é um ente privado e, teoricamente, poderia escolher participar em qualquer um dos consórcios", disse o vice-presidente de ativos de terceiros da Caixa, Bolivar Tarragó Moura Neto. "Mas a opção foi não escolher nenhum consórcio para não influenciar na disputa do leilão."

O FI-FGTS não será consultado pelos consórcios sobre as propostas a serem apresentadas em leilão. "A única exigência é quanto a preservação da taxa interna de retorno (TIR)." As aplicações do fundo tem como meta um retorno de 6% ao ano mais a taxa referencial (TR).

Além da participação acionária, o comitê de investimento aprovou a participação do FI-FGTS na estrutura de financiamento. O montante investido nessa parte da operação, disse Tarragó, dependerá da demanda do consórcio vencedor.

O empreendimento deverá exigir cerca de R$ 8,7 bilhões em investimentos, dos quais 70% em financiamentos e 30% em capital de acionistas, segundo cálculos da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) do Ministério de Minas e Energia. Dessa forma, os investimentos de acionistas somariam R$ 2,6 bilhões, e o aporte do FI-FGTS nessa operação ficaria em algo em torno de R$ 260 milhões.

A tendência é que o BNDES seja o principal financiador do projeto, mas, segundo Tarragó, o FI-FGTS deverá entrar "de forma complementar" na estrutura de endividamento, comprando debêntures a serem emitidas pelo consórcio vencedor.

"O financiamento oferecido pelo fundo de investimento poderá eventualmente diminuir a demanda por recursos do BNDES, que é muito grande", disse Tarragó. "Dependendo da estrutura do projeto, o BNDES estará impedido de financiar tudo, aí entramos." Ele não revelou valores, afirmando que o fundo assinou acordos de confidencialidade sobre o assunto.

No futuro, os cotistas do FGTS poderão destinar até 10% de seus saldos ao FI-FGTS, em moldes semelhantes às das aplicações feitas no passado em ações da Petrobras e da Vale do Rio Doce. Essas aplicações só serão abertas quando o fundo estiver em plena operação.