Título: Para governo, país tem forte potencial para projetos
Autor: Marta Watanabe
Fonte: Valor Econômico, 17/02/2005, Brasil, p. A2
Com a entrada em vigor, ontem, do Acordo de Kyoto, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, disse que o Brasil se apresenta, ao lado da China e da Índia, como um dos principais candidatos a atraírem um grande volume de projetos na área de energia renovável e eficiência energética a partir do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). O ministro citou o Programa Nacional de Biodiesel e o Programa de Incentivos a Fontes de Energia Renovável (Proinfra) como exemplos de projetos que podem atrair recursos. Pelo mecanismo que entrou em vigor ontem, os países industrializados podem, em vez de atingir totalmente suas metas de redução de gases poluentes em seu próprio território, investir em países em desenvolvimento como o Brasil, que não têm metas de redução a cumprir. O Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas reuniu-se ontem no Palácio do Planalto para discutir ações e programas voltados à diminuição do envio de gases de efeito estufa. O secretário do Fórum, Luiz Pinguelli Rosa, ressaltou, no entanto, que é preciso ser realista quanto às oportunidades que o Brasil terá com o MDL . "Às vezes, cria-se uma expectativa exagerada de que o mecanismo trará bilhões de dólares para o Brasil. Pontualmente, ajudará projetos específicos como o do biodiesel", frisou Pinguelli. O protocolo foi assinado por 141 países, mas não pelos Estados Unidos, responsáveis por quase um quarto das emissões mundiais. "Apesar do grande desafio ainda presente de sensibilizar o país responsável pelo maior volume de emissões do mundo, a data de hoje é vitoriosa", ressaltou Dirceu. "Poderemos então vislumbrar um primeiro passo no sentido da superação das desigualdades sociais, do alcance da eqüidade e da qualidade de vida para toda a humanidade".