Título: Feriado de Páscoa faz indústria reduzir ritmo em março
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Fonte: Valor Econômico, 02/05/2008, Brasil, p. A4

Depois do forte crescimento da produção industrial no primeiro bimestre do ano (alta de 9,2% em relação a igual período do ano passado) as projeções dos economistas apontam para uma forte desaceleração desse ritmo em março. No mês passado, a produção cresceu em torno de 3,2% a 3,5% na comparação com igual período do ano passado, segundo avaliações da MB Associados e da LCA Consultores. O cálculo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) será divulgado na próxima terça-feira, dia 6 de maio.

A principal razão da desaceleração é o que os economistas chamam de "efeito calendário". Neste ano, a Páscoa caiu no mês de março e por isso o mês teve dois dias úteis a menos que igual período de 2007.

Na comparação com fevereiro, contudo, a expectativa dos analistas é que a produção do mês de março tenha crescido e recuperado a queda daquele mês em relação a janeiro, que foi de 0,5%. Na avaliação da MB Associados, o crescimento de março em relação a fevereiro ficou em 0,8%, influenciado, em parte, "pelo efeito da indústria farmacêutica, cuja parada de produção numa fábrica importante fez com que o indicador de produção industrial do setor caísse 33,2% na comparação com fevereiro". Para a consultoria, sem essa queda a indústria geral teria encerrado fevereiro com alta de 0,6% na comparação com janeiro.

A LCA espera um avanço de 1,7% na produção industrial de março em relação a fevereiro, já descontada a sazonalidade. Para a consultoria, contudo, "apesar desse desempenho robusto em março, a produção fabril deve ter encerrado o 1º trimestre com desaceleração relevante ante o 4º trimestre de 2007".

A consultoria comparou a evolução de nove indicadores da atividade cujo comportamento apresenta coincidência com a produção industrial. Destes, cinco apresentaram queda significativa em março e um - a expedição de papelão ondulado - mostrou relativa estabilidade. Em parte, segundo a LCA Consultores, a greve dos auditores da Receita Federal afetou o resultado tanto do comércio exterior como do fluxo de caminhões em março. A forte alta da produção do setor automotivo (13,6% em relação a março do ano passado) e a recuperação do setor farmacêutico devem compensar a queda dos outros indicadores e garantir o crescimento superior a 3,0% no total da indústria, segundo avaliação da LCA Consultores.

Outro indicador que reforça o crescimento da atividade no terceiro trimestre do ano é o aumento da arrecadação federal. No conjunto, ela cresceu 8,7% em relação aos primeiros três meses de 2007 (em valores corrigidos pela inflação) , enquanto o recolhimento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) aumentou 20%. A diferença é explicada pelo fim da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). Sem a queda na receita com esse tributo, a arrecadação cresceu 22%.