Título: Emprego formal tem o melhor janeiro desde 1992
Autor: Raquel Salgado, Marli Olmos, André Vieira e Ivana
Fonte: Valor Econômico, 17/02/2005, Brasil, p. A3

O levantamento sobre mercado formal realizado mensalmente pelo Ministério do Trabalho desde 1992 apontou a criação de quase 116 mil novos empregos com carteira assinada, no país, no mês passado. Cerca de 16% superior ao de janeiro de 2004, esse foi o melhor resultado já registrado para meses de janeiro pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do ministério. Com os novos postos, o estoque de empregos formais cresceu 0,47% em relação a dezembro. No acumulado de doze meses, o número de vagas criadas foi de 1,539 milhão, um incremento de 6,63% sobre o total de empregos existentes ao final de janeiro de 2004. Os números foram anunciados ontem pelo ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, e, segundo ele, refletem a continuidade do ciclo de crescimento do nível de emprego iniciado em 2004. Ele teme que esse processo, porém, seja atrapalhado pelo baixo valor do dólar frente ao real. Na opinião de Berzoini, se há algo que pode interromper esse ciclo é o nível da taxa de câmbio.

"Se ficar por muito tempo nesse patamar de R$ 2,60, o câmbio pode atrapalhar", afirmou o ministro. Ele teme que o mercado de trabalho sofra com o desestímulo que a taxa de câmbio pode causar às exportações. Berzoini está certo de que os dados de fevereiro ainda serão bons, até porque, por enquanto, as exportações continuam altas. Mas se as exportações forem afetadas, isso se refletirá no mercado de trabalho, alertou. Na sua opinião, já o nível da taxa básica de juros (Selic) não deve comprometer o crescimento do emprego em 2005, apesar das sucessivas elevações já promovidas pelo Banco Central. Ele explica que, para as empresas e pessoas que tomam crédito no sistema financeiro, os juros na ponta se "descolaram" da Selic, tendo se mostrado estáveis ou até em queda. Ao fazer uma análise sobre os números do Caged, o ministro destacou que, diferentemente do que houve no início do ano passado, quando exportações e agronegócios puxaram a retomada, desta vez, houve aumento generalizado em todos os setores, graças a uma recuperação da demanda interna. O aumento de vagas na indústria de transformação e nas empresas de serviço foi superior à média de 0,47%, alcançando 0,56%, em ambos os casos. No setor de serviços, sugiram 54, 5 mil novos empregos formais, recorde para meses de janeiro. Na indústria de transformação, foram criados 32,84 mil postos, a segunda melhor performance para este mês. Mais expressivo que a média foi também o crescimento do emprego formal na construção civil, que chegou a 0,78% e significou o surgimento de 7,88 mil novas oportunidades de trabalho. Já o crescimento do mercado formal de trabalho nas empresas agropecuárias ficou abaixo da média no mês passado, situando-se em 0,32%.