Título: Aquamec chega a Angola e planeja fábrica em Itu
Autor: Capela , Maurício
Fonte: Valor Econômico, 02/05/2008, Empresas, p. B7

Uma significativa parcela do empresariado brasileiro sonha em colocar um pé no exterior. Independentemente do setor de atuação, enviar os produtos para outros países quase sempre se traduz em um belo reforço de caixa e na ampliação da carteira de clientes. Com a Aquamec, grupo nacional que atua no tratamento de água e efluentes industriais, não é diferente.

Apesar de ter se acostumado a exportar os equipamentos produzidos na sua fábrica de Itu (SP), a Aquamec nunca conseguiu ganhar uma obra fora do país. Sua atuação, até virar responsável pela instalação de uma estação de tratamento de efluentes em um distrito industrial que está sendo construído em Luanda, capital da Angola, limitava-se ao envio de maquinário. Com esse contrato angolano, que tem a gigante Odebrecht como principal responsável, a cara da Aquamec começa a mudar de figura.

Gilson Cassini Afonso, vice-presidente e um dos sócios do grupo brasileiro, conta que a obra em Luanda deverá ser inaugurada no segundo semestre. E o papel da Aquamec foi projetar, escolher a tecnologia, enviar e instalar os equipamentos para tratar a água e os efluentes desse condomínio industrial. "O contrato é de US$ 20 milhões", diz o executivo ao Valor.

Afonso não tem dúvidas de que a obra em Luanda colocará a Aquamec no mercado africano, que tem uma demanda reprimida por tratamento de esgoto e água. Dona de um faturamento de R$ 50 milhões por ano, a companhia brasileira afirma que o conhecimento adquirido na África já abriu negociações nos Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita.

"Somos reconhecidos como fabricantes de equipamentos para essas áreas, mas não como gerenciadores de um projeto inteiro", conta. Hoje, a empresa exporta seu maquinário para México, Argentina, Venezuela e outros.

Mas a internacionalização da capacidade de implementação de uma obra desse porte não é o único objetivo da Aquamec. Hoje, instalada em uma área alugada de 8 mil metros quadrados (m2), a companhia estuda adquirir uma área também em Itu de 40 mil m2. Segundo os cálculos de Afonso, sair do aluguel e ir para o próprio, além de dotar o novo espaço de capacidade produtiva, demandaria investimentos de R$ 4 milhões. "Tomaremos esta decisão neste ano", conta.

O vice-presidente da Aquamec conta que bater o martelo será resultado das perspectivas no mercado brasileiro e internacional. As obras de saneamento incluídas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), além das leis sobre reutilização de água que estão em discussão em várias câmaras de vereadores e de deputados do país, vão determinar a aplicação desse recurso.

Mas o projeto é maior. Os executivos da companhia sabem que a operação do jeito que está em Itu também não suporta mais investimentos. Nos últimos três anos, a companhia desembolsou R$ 3 milhões, algo como R$ 1 milhão por ano, para melhorar a tecnologia de produção. Como o equipamento feito lá é um bem de capital sob encomenda, é difícil prever sua capacidade instalada. No entanto, Afonso revela que é possível estimar algo como 20 unidades por mês.

Agora, a conta de crescimento de mercado dos executivos da Aquamec também inclui o bom desempenho de alguns setores da economia, além do PAC. A empresa conta com compras cada vez maiores da indústria alimentícia, de papel, celulose, da siderurgia e automotiva. E aposta também que o setor de mineração, que não é um grande comprador, poderá aumentar seu ritmo de aquisição.