Título: Reunião para definir ação no Pará ficou para hoje
Autor: Taciana Collet
Fonte: Valor Econômico, 17/02/2005, Brasil, p. A4
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva adiou para hoje de manhã a reunião com ministros e com o vice-presidente, José Alencar, para discutir ações para a região do Pará. Na terça-feira, o governo já havia decidido enviar dois mil homens do Exército até a região de Anapu (PA) para atuar em conjunto com os ministérios da Justiça, do Meio Ambiente e com os órgãos de segurança pública do Pará depois do assassinato da missionária Dorothy Stang e de dois trabalhadores rurais. Ontem à noite, ao voltar do Suriname, Lula teve longa conversa por telefone com Alencar e recebeu os últimos dados. Vão trabalhar na operação para garantir "a lei e a ordem" na região as tropas de Marabá (PA), Manaus (AM) e Belém (PA), que ficarão sediadas na cidade de Altamira (PA). Se necessário, a equipe terá o reforço de tropas de Recife, Rio de Janeiro, Goiânia e Taubaté (SP). As operações serão comandadas pelo general-de-brigada Jairo César Nass, atual comandante da 23ª Brigada de Infantaria da Selva. Em discurso ontem na reunião do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, reiterou que é determinação do governo manter uma postura firme de repressão ao crime e à ilegalidade na região. "Não vamos recuar um milímetro no zoneamento econômico ecológico, na implantação das reservas e na política de regularização fundiária", ressaltou. "Acabou-se o tempo da grilagem, do desmatamento ilegal, das queimadas ilegais, da ocupação de terras pela força. A lei e a ordem vão imperar na Amazônia brasileira e nós vamos fazer cumprir a Constituição", afirmou o ministro. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, lembrou que o assassinato da freira ocorreu justamente quando o governo estava no local discutindo a implantação de uma reserva na região. "Estão reagindo os que nunca perderam e não estão dispostos a perder na Amazônia", afirmou. "A região é a última fronteira para a derrota da catástrofe". Ontem, o governo teve de atuar em outro conflito, desta vez em Goiânia (GO), onde duas pessoas morreram e pelo menos cinco ficaram gravemente feridas num conflito entre sem-teto e a Polícia Militar. O ministro Nilmário Miranda, da Secretaria Especial de Direitos Humanos, foi deslocado para a capital. Desde terça-feira, a secretaria vem monitorando a situação no local, considerada grave. Cerca de 12 mil sem-teto ocupavam, há nove meses, área de 1,3 milhão de metros quadrados na capital goiana. A Polícia Militar retirou os sem-teto em cumprimento a decisão judicial de reintegração de posse. Em conversas com os responsáveis pela operação, Nilmário concluiu que houve falhas na condução porque o local não foi isolado para perícia. O ministro ouviu do comandante da operação insinuações de que as mortes foram causadas pelos próprios moradores.