Título: País atrairá fundos europeus, mas a entrada será lenta
Autor: Moreira , Assis
Fonte: Valor Econômico, 05/05/2008, Finanças, p. C1

Pode demorar um pouco até que os fundos de pensão dos países europeus, tradicionalmente prudentes, ampliem significativamente os investimentos no Brasil, avaliam diferentes fontes.

Chris Verhaegen, secretária-geral da Federação Européia de Fundos de Pensão, que reúne fundos com a responsabilidade de investir ? 3,5 trilhões de euros, disse ao Valor que a obtenção pelo Brasil do grau de investimento "BBB-" da Standard and Poor's "provavelmente terá um impacto" nas decisões dos fundos, pois "são investidores de longo prazo e precisam buscar alternativas para obter altos retornos".

Mas notou, sem dar exemplos, que alguns estados-membros ainda procuram colocar "restrições quantitativas aos investimentos" dos fundos. Ela espera algumas "alocações táticas de ativos", mas prevê um bom tempo até que os fundos escrutinem o mercado, definam novas estratégias de alocação e eventualmente de presença local.

Markus Jaeger, do Deutsche Bank, nota que grandes fundos de pensão preferem esperar um país receber uma segunda agência conceder o grau de investimento para então decidir aumentar o fluxo de dinheiro.

Na sua avaliação, isso não será problema para o Brasil. Ele acredita que a agência de classificação de risco Fitch até o fim do ano deverá conceder esse nível ao país, facilitando assim as decisões dos fundos mais conservadores.

Os fundos de pensão dos países ricos tinham ativos de US$ 16,2 trilhões em 2006. A Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) confirma que eles procuram diversificar seus portfolios e melhorar o retorno através de "estratégias sofisticadas".

O maior fundo europeu, o ABP, dos funcionários públicos e do setor da educação na Holanda, com ativos de ? 210 bilhões de euros, alterou sua estratégia para 2007-2009 justamente reduzindo investimentos nas ações nos países desenvolvidos, de 30,5% para 27% do total, e ampliando no caso dos emergentes de 3,5% para 5%.

Roderick Munsters, presidente da ABP investimentos, diz no site do fundo que sua preferência é a Ásia, Brasil e Rússia. Analistas crêem que o segundo maior fundo de pensão europeu, o PFZW (antes conhecido como PGGM), da Holanda, com ? 80 bilhões de euros em ativos, também já direciona recursos para o Brasil. O terceiro maior, o USS Superannuation, da Inglaterra, com ? 40 bilhões de euros, não se manifestou.

Certos analistas dizem que alguns fundos ampliaram de 3% para 10% suas aplicações em ações de economias emergentes, na busca de melhor rendimento.

De acordo com a OCDE, os ativos dos fundos de pensão continuam aumentar. Os Estados Unidos têm o maior mercado com US$ 9,7 trilhões - cerca de dois terços do total dos países mais ricos. É seguido pela Grã-Bretanha, com US$ 1,8 trilhão, Japão, com US$ 1 trilhão, Holanda, com US$ 900 bilhões, Austrália e Canadá com US$ 700 bilhões cada.