Título: Bradesco e Itaú no seleto grupo dos 20 maiores bancos internacionais
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 05/05/2008, Finanças, p. C2
Os dois maiores bancos privados brasileiros, Bradesco e Itaú, entraram no ranking dos 20 maiores em todo o mundo, após a forte valorização do final da semana passada, desencadeada pela elevação do risco da dívida soberano brasileiro para grau de investimento (investment grade) pela Standard & Poor's (S&P).
Desde o início do ano, os bancos brasileiros já vinham subindo no ranking por causa da queda das ações das grandes instituições internacionais, especialmente as americanas, com a crise das hipotecas de alto risco (subprime); e da apreciação do real.
Ao final de março, os bancos brasileiros estavam entre os 30 maiores, com o Bradesco em 24º lugar, com valor de mercado de US$ 53,8 bilhões; e o Itaú em 25º, com US$ 53,5 bilhões, à frente do americano Bank of New York Mellon e do britânico Lloyds TSB.
Após o investment grade, porém, o Bradesco saltou dez posições para o 16º lugar, com o valor de mercado do banco a US$ 64,7 bilhões, e avanço de mais de US$ 10 bilhões. Já o Itaú ficou em 18 º lugar, com valor de US$ 64 bilhões.
O Bradesco ficou à frente até o Credit Suisse. Os dois bancos brasileiros ficaram à frente do Deutsche, Wachovia e Barclays.
O ranking continua liderado pelos bancos chineses. Enquanto os americanos, com algumas exceções, estão em forte baixa. O valor de mercado do Citigroup já caiu 47,8% nos últimos doze meses para US$ 137,2 bilhões.
Se a dívida soberana brasileira passou ao primeiro degrau do "investment grade", com a nota BBB-", a do Bradesco e do Itaú subiram um ponto a mais, para "BBB". Já a do Unibanco e do Banco do Brasil passou de "BB+" para "BBB-".
Os analistas da corretora HSBC afirmam que a reclassificação poderá reduzir, "marginalmente", os custos de captação dos maiores bancos brasileiros e minimizar o impacto da maior competição no mercado interbancário. Os analistas afirmam que as grandes empresas podem acessar diretamente o mercado de capitais, aumentando a desintermediação financeira. Mas os bancos podem capturar parte dessa receita por meio de seus braços de investimento.
O bancos de médio porte ainda não tiveram os ratings revisados pela S&P. A corretora HSBC acredita que isso deva acontecer a médio prazo. Para os analistas, o investment grade da dívida brasileira deverá permitir a esses bancos maior acesso ao mercado internacional de capitais, propiciando melhores taxas e potencialmente reduzindo a pressão nos spreads.