Título: Corrupção no Passe Livre
Autor: Monteiro, Fàbio
Fonte: Correio Braziliense, 17/02/2011, Economia, p. 14

A falta de respeito com o cidadão acontece também no transporte rodoviário urbano e intermunicipal do Distrito Federal. Em novembro de 2009, em meio a denúncias da operação Caixa de Pandora, o ex-senador e empresário do ramo de transporte coletivo Valmir Amaral invadiu uma sala preparada para uma entrevista coletiva do então presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal, Leonardo Prudente e denunciou, visivelmente alterado, um suposto esquema de pagamento envolvendo deputados da casa. ¿Eu queria falar na cara do presidente da Câmara. Tem corrupção forte aqui dentro¿, disse, na ocasião.

Os deputados teriam pedido R$ 1 milhão ao Sindicato das Empresas de Ônibus para modificar a Lei do Passe Livre, incluindo em seu texto benefícios para cadeirantes. Segundo Amaral, alguns empresários chegaram a realizar o pagamento. Os deputados davam como certo que o ex-governador José Roberto Arruda barraria a alteração, e teriam pedido outros R$ 600 mil para derrubar o veto do chefe do Buriti. Além de Prudente, os nomes dos deputados Benício Tavares e Eurides Brito também foram citados pelo empresário. A partilha estaria, inclusive, definida. ¿A minha parte era R$ 170 mil e eu não dei.¿

Poucas semanas após as declarações de Amaral, os promotores do Ministério Público do DF convocaram o empresário, que confirmou a denúncia. Responsável pela pasta de transportes no governo Arruda, Alberto Fraga disse que ouviu rumores sobre as cobranças, mas que os deputados pagaram o valor à toa, uma vez que o GDF não bancaria o subsídio. (FM)