Título: Investidor externo virá gradualmente, diz Meirelles
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 06/05/2008, Finanças, p. C3

A entrada de dinheiro de longo prazo num país que obteve grau de investimento ocorre de maneira "gradual", observou ontem o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, até porque alguns fundos preferem esperar uma segunda agência conceder a elevação da nota de risco.

Ele procurou o tempo todo evitar entrar no debate sobre eventual enxurrada de dinheiro para o Brasil, com a nova classificação, insistindo que isso não é tarefa de autoridade monetária. Limitou-se a lembrar que, pela experiência em países que atingem grau de investimento, a presença de capital especulativo tende a diminuir, aumentando por sua vez o dinheiro de longo prazo de fundos, ou seja, a substituição do "smart money" por "dinheiro real".

Para o presidente do BC, o fluxo de capital de longo prazo vem acontecendo no Brasil, tanto que o fluxo de Investimento Estrangeiro Direto (IED) no ano passado alcançou quase US$ 50 bilhões em termos brutos. E continua crescendo.

Indagado sobre suposta necessidade de restrição ao capital especulativo, Meirelles retrucou: "Não comento possíveis medidas futuras do governo. Eu não disse provável, estou usando uma frase padrão sobre qualquer possível medida futura".

"Mas vem enchente de recursos ou não? Não entro nesse debate, autoridade monetária não se pronuncia sobre isso. Tem analista que faz isso, para acertar ou errar, e pagar o preço por isso".

Os principais bancos centrais fizeram uma reunião especial ontem na Basiléia para discutir os custos e benefícios da acumulação de reservas internacionais, como vem fazendo o Brasil, China e outros emergentes.

Segundo o presidente do BC da Argentina, Martin Redrado, a conclusão foi de que os benefícios ainda maiores. Meirelles, por sua vez, disse que o Brasil continuará o programa de acumulação de reservas continuará "enquanto não se anunciar qualquer mudança". (AM)