Título: Motorola fará aparelho por US$ 40
Autor: Heloisa Magalhães
Fonte: Valor Econômico, 17/02/2005, Empresas &, p. B4

Em meio aos lançamentos do topo da tecnologia e a terceira geração da telefonia celular - aquela que traz a transmissão de vídeo pelo telefone - ficou claro no 3GSM World Congress que, para dobrar o volume dos atuais 1 bilhão de usuários da tecnologia GSM no mundo, o jeito é fazer com que as indústrias lancem terminais cada vez mais baratos. E quem vai entrar nesta empreitada é a Motorola. A empresa americana foi escolhida pela GSM Association após licitação voltada para o mercado de terminais de baixo custo. Inicialmente vão custar US$ 40. Serão 6 milhões de celulares nos seis primeiros meses e depois o valor vai baixar para US$ 30. Quatro operadoras já garantiram a compra: a Orascom (Egito), Turkey Cell (Turquia), Bharti (Índia) e Telefónica (Espanha). A Telefónica não irá vender esses telefones no Brasil porque a Vivo, sua parceria com a Portugal Telecom, utiliza uma tecnologia concorrente, a CDMA. "Ficou claro que, para dobrarmos a planta, seria preciso focar no mercados emergentes, no consumidor de baixa renda. O próximo bilhão de clientes virá de países como o Brasil, China, e outros do Sudeste Asiático, além da Índia. Por isso seria preciso desenvolver um produto com custo de terminal especialmente para esse público", disse o brasileiro Ricardo Tavares, que é vice-presidente global para as políticas públicas da GSM Association. Ele garantiu que o celular não vai ser do gênero "que se é para pobre não precisa ser bonito. "Muito pelo contrário. Vai ser pequeno, leve, com transmissão de mensagens", frisou Tavares. O Brasil acabou sendo destaque no 3GSM, que termina hoje em Cannes. Na noite de terça-feira, o país foi premiado em um jantar de gala. Todos os anos, a associação escolhe os melhores produtos, empresas e executivos que se destacaram. Mas, ao invés de um executivo, o premiado neste ano foi um país - o Brasil -, pois foi o que conquistou o maior número de clientes com telefones GSM em menor prazo. Hoje, o país já é o quarto no mundo em aparelhos GSM. A Claro, TIM, Oi e Brasil Telecom atraíram 22 milhões de usuários em dois anos e meio. Quem veio receber o prêmio foi o secretário-geral do Ministério das Comunicações, Paulo Lustosa. No discurso de agradecimento, Lustosa frisou que o Brasil está aberto a novos investidores, independente de nacionalidade, tem regras claras e inicia neste ano um programa de inclusão digital. As declarações caíram como uma luva no enfoque da GSM Association, que abriu espaço no evento para apresentação de empresas que atuam em mercados de baixo poder aquisitivo. O presidente de operadora da Índia, a Bharti, Sunil Bharti Mittal, disse que a empresa sobrevive com tarifa de ? 0,02 por minuto e ? 5 de arpu (receita média por usuário). A empresa optou por boa parte da terceirização da rede com a Nokia, Ericsson e Siemens, para conseguir equilibrar os resultados. O empresário afirma que pretende atuar fora da Índia. Acredita que, em dois anos, já terá melhores resultados e poderá buscar novos mercados. Grandes multinacionais já avaliaram as possibilidades de atuar na Índia, como Orange, TIM e BT, mas acabaram desistindo. (HM)