Título: Braskem lucra R$ 487 milhões no trimestre
Autor: André Vieira
Fonte: Valor Econômico, 17/02/2005, Empresas &, p. B5

A Braskem, empresa petroquímica, apresentou lucro líquido de R$ 487 milhões no quarto trimestre de 2004, revertendo o prejuízo de R$ 196 milhões em igual trimestre do ano anterior. O resultado teve ajuda de R$ 136 milhões por conta do uso de créditos tributários de incentivos fiscais obtidos em suas unidades no Nordeste diante da expectativa de maiores lucros futuros.

Em 2004, a Braskem triplicou seu lucro, atingindo R$ 691 milhões, em linha com a expectativa de analistas. Em 2003, o ganho havia sido de R$ 215 milhões. O resultado das coligadas e sociedades controladas, que inclui a participação na Copesul, Politeno e Petroflex, foi de R$ 228,7 milhões, acima dos R$ 136 milhões do ano anterior. A empresa distribuirá R$ 204 milhões em dividendos. "A Braskem aumentou a produção, usou capacidades elevadas, melhorou o mix de produtos e teve os preços alinhados à alta das resinas no mercado internacional", disse o presidente da companhia, José Carlos Grubisich. Os resultados operacionais melhoraram. O lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (lajida) alcançou R$ 2,5 bilhões, alta de 43%. A margem lajida expandiu para 23% em relação aos 19% do ano anterior. As vendas das principais resinas produzidas pela companhia - polipropileno, polietileno e PVC - cresceram, em média, 12% no ano passado. O uso da capacidade instalada ficou em 92%. A receita bruta alcançou R$ 14,3 bilhões, alta de 27%, e a receita líquida totalizou R$ 11 bilhões, uma evolução de 20%. Os melhores resultados também tiveram impacto da gestão financeira. A Braskem reduziu seu endividamento em 38% em reais (para R$ 3,8 bilhões) e 33% em dólares (US$ 1,5 bilhão) no ano passado, principalmente devido às emissões secundária de ações e de debêntures. Mas a relação entre a dívida denominada em dólares aumentou para 70% e a intenção é baixar esse índice para 50% até o fim deste ano. "Em 2005, 95% dos nossos vencimentos (R$ 1,5 bilhão) são atrelados ao dólar. Vamos pagá-los e poderemos antecipar alguns pagamentos de 2006 e 2007", disse o diretor financeiro Paul Altit. A empresa pretende usar a geração própria de caixa. Em 2004, fechou com R$ 1,7 bilhão em caixa e aplicações financeiras. A Braskem tem planos de alongar o prazo médio de sua dívida de três anos para pelo menos cinco anos e manter em 1,5 vez a relação entre dívida líquida e lajida, a mesma obtida no ano passado. Quando a empresa foi criada, há dois anos e meio, essa relação era superior a 5 vezes. Neste ano, os investimentos somam R$ 650 milhões, que deverão ser direcionados à ampliação da capacidade de produção de PVC para mais 50 mil toneladas por ano e ao aumento da fabricação de polietileno, também para mais 50 mil toneladas anuais. A empresa espera também começar a construção da sua unidade de polipropileno com a Petrobras no segundo semestre deste ano, com a expectativa de que a fábrica entre em operação até 2007. Estão em estudos outros investimentos no longo prazo, como o pólo gás-químico na fronteira da Bolívia e um projeto na Venezuela. "A Braskem não vai financiar seus investimentos com passivos de curto prazo", disse Altit.