Título: Dow será sócia da Petrobras no pólo de ácido acrílico
Autor: Francisco Góes
Fonte: Valor Econômico, 17/02/2005, Empresas &, p. B7

A Dow Brasil S.A., subsidiária da americana Dow Chemical Company, será sócia da Petrobras e da Elekeiroz, empresa do grupo Itausa, no projeto de construção do pólo de ácido acrílico a ser instalado na região metropolitana de Belo Horizonte, num investimento estimado em US$ 360 milhões. A fábrica, com início de operação previsto para 2009, deverá ter capacidade de produzir 140 mil toneladas de ácido acrílico por ano, sendo 100 mil toneladas em acrilatos (matéria-prima para tintas) e polímeros super-absorventes (SAP), usados na fabricação de fraldas descartáveis e absorventes femininos. "Uma parte do ácido acrílico poderá ser exportada", disse ao Valor o presidente da Petroquisa, Kuniyuki Terbae. Ele acrescentou que a participação acionária de cada sócio no empreendimento ainda será definida, mas no mercado especula-se que a divisão poderá ser de um terço para cada parte, revivendo o modelo original da petroquímica brasileira. O modelo tripartite envolvia a Petrobras, uma empresa de capital nacional e uma terceira de capital estrangeiro. Ontem, no Rio, a Petrobras assinou memorando de entendimento com a Elekeiroz e com a Dow Brasil para fazer o estudo de viabilidade técnica e econômica do projeto do pólo. É o primeiro passo no processo, antes que cada empresa aprove a construção do empreendimento. Cada sócio já vem fazendo seus estudos separadamente. Em um segundo momento haverá consolidação das informações. Em comunicado, a Petrobras informou que os trabalhos serão conduzidos por um comitê misto com representantes das três empresas. O memorando de entendimento tem prazo de vigência de seis meses. Terabe confirmou que o projeto deverá ser implementado próximo à refinaria Gabriel Passos, em Betim (MG), mas não quis dizer se o local será mesmo Betim, conforme informações já reveladas anteriormente pela Petrobras. A estratégia da estatal é instalar o pólo na região da capital mineira para aproveitar o propeno da refinaria, insumo do ácido acrílico. Hoje, o país importa quase todo o ácido acrílico que consome. Terabe lembrou que a Petrobras já é sócia da Dow na Petroquímica União , na qual a estatal detém 17,4% e a Dow 13%. O presidente da Petroquisa disse que a Dow Chemical já atua em ácido acrílico e acrilato, o podendo agregar tecnologia. A própria Dow teria procurado a Petrobras, manifestando interesse no projeto, mas fonte próxima das negociações afirmou que foi a Elekeiroz que fez força para incluir a Dow no negócio. Ninguém na Dow foi encontrado para falar da operação. Segundo a Petrobras, o projeto permitirá a criação de 5 mil novos empregos. A fonte que participa das discussões acrescentou que uma terceira geração de empresas poderá se instalar em torno do pólo (produtoras de emulsões para tintas, tintas acrílicas, adesivos acrílicos e SAP). O projeto do pólo de ácido acrílico já teve várias idas e vindas. Em 2003, Petrobras e Basf decidiram adia-lo porque ficou abaixo das expectativas. Agora, a estatal associa-se à Dow, com quem já teve conflitos Argentina sobre o fornecimento de etano para a central de matérias-primas do pólo petroquímico de Bahía Blanca, controlada pela gigante americana.