Título: Serra e Alckmin pedem apuração das denúncias
Autor: Felício ,César;Agostine, Cristiane
Fonte: Valor Econômico, 07/05/2008, Política, p. A9

Geraldo Alckmin: "O pensamento que tenho seria o mesmo que Covas teria, se ele estivesse presente: apure-se" As principais lideranças do PSDB paulista, partido que pode ser atingido caso sejam consistentes as denúncias feitas pelo jornal americano "The Wall Street Journal" de que a polícia suíça investiga pagamento de propina por parte da francesa Alstom a autoridades paulistas para fornecimento de equipamentos ao metrô, reagiram de maneira cautelosa.

O governador José Serra realçou que não era o responsável pela assinatura dos contratos. "Estes fatos supostamente ocorridos teriam se dado antes do início do meu governo. Vou esperar para ter conhecimento oficial e o governo dará os esclarecimentos cabíveis", disse.

A matéria do "The Wall Street Journal", reproduzida no Brasil pelo Valor, não esclarece em que ano teria havido a suposta ação corruptora da Alstom junto a autoridades paulistas. Menciona que o período investigado vai de 1995 a 2003, o que envolve os governos tucanos de Mário Covas (1995-2001) e de seu vice, Geraldo Alckmin (2001-2006). Há contratos de fornecimentos do metrô com a Alstom em ambas as administrações: um foi assinado em 2000, ainda na gestão Covas, e o outro em 2003, tempo de Alckmin.

"Não sei se estes contratos foram assinados na minha gestão ou na de Covas. Mas o pensamento que tenho seria o mesmo que Covas teria, se ele estivesse presente: apure-se", comentou o Alckmin, que assumiu o cargo após a morte de Covas, em 6 de março de 2001.

Presidente da Comissão de Finanças da Assembléia Legislativa, o deputado Bruno Covas, neto do falecido governador, não quis se pronunciar sobre as denúncias. Por meio de sua assessoria, disse que "não existem fatos concretos" envolvendo o governo paulista e que "as contas dos governadores foram aprovadas até 2006". A comissão presidida pelo neto de Mário Covas tem poder para pedir documentos e contratos para averiguação, mas segundo Bruno Covas, a priori não será pedida nenhuma investigação.

O deputado estadual Roberto Felício (PT-SP), diz que o episódio reforçará o pedido de uma abertura de CPI sobre as obras da Linha 4 do Metrô. Desde o desabamento do canteiro de obras da futura estação Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, em janeiro do ano passado, a bancada do PT busca assinaturas para abrir uma investigação. "Vamos pedir esclarecimento, ao Metrô e à Secretaria de Transportes Metropolitanos, e a partir daí dá para intensificar a busca de assinaturas ", diz o parlamentar

O presidente da federação Nacional dos Metroviários e secretário-geral do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Wagner Fajardo, disse que os negócios da Alston no metrô da capital paulista sempre foram vistos pelo setor como um problema. "A entrada da Alstom foi uma situação complicada. Foi uma forma agressiva como entraram. Praticamente não teve concorrência", afirmou.

De acordo com ele, o caso deve ser investigado por uma CPI federal. "Achamos que o governo, a Assembléia, Ministério Público e Câmara em Brasília devem fazer investigação. Esse caso é o tipo que merecia uma CPI, envolve entidades internacionais", disse.