Título: Fatores extraordinários reduziram ritmo em março
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 07/05/2008, Especial, p. A14
Um conjunto de fatores extraordinários afetou o ritmo de produção da indústria em março. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a greve dos auditores fiscais, uma parada técnica para reparos em refinarias da Petrobras e o "efeito calendário" (março com dois dias úteis a menos que março de 2007) contribuíram para que a produção industrial de março encerrasse o mês com alta de apenas 1,3% sobre igual período do ano passado.
Na comparação com fevereiro, já descontados os efeitos sazonais, a alta ficou em 0,4% para a indústria geral. Este desempenho foi muito afetado pela queda de 3,5% na indústria extrativa, enquanto a indústria de transformação produziu 0,7% mais que em fevereiro.
Separado por setores, os fabricantes de bens de consumo que dependem pouco da importação, mantiveram crescimentos mais expressivos. Têxteis e vestuário aumentaram a produção em 2% na comparação com fevereiro, enquanto calçados teve alta de 1,8% e automóveis de 1,6%, segundo dos dados do IBGE. No segmentos de bens de consumo com maior conteúdo importado, como bens de informática e de comunicações, as quedas foram expressivas: de 5,8% e 1,5%, respectivamente.
O avanço do indicador geral foi freado pelo refino de petróleo e álcool, que caiu 11% devido à parada programada para manutenção de parte da Refinaria de Paulínia (Replan), da Petrobras, o que paralisou metade da capacidade de derivados da unidade entre o fim de fevereiro e meados de abril.
No acumulado do primeiro trimestre, a indústria cresceu 6,3%, percentual inferior ao ritmo de 7,9% registrado na comparação entre o quarto trimestre de 2007 e igual período de 2006. Para o coordenador de indústria do IBGE, Silvio Sales, essa desaceleração trimestral não significa uma tendência para os próximos meses. " Não é possível falar em desaceleração porque os indicadores estão muito baseados em março " , disse Sales.
Segundo o técnico do IBGE, já era esperado que o quarto trimestre do ano passado não seria superado pelos três primeiros meses de 2008, principalmente depois da queda de 0,5% observada em fevereiro frente ao mês de janeiro. Sales ressalta ainda que os 6,3% acumulados até março representam os melhores três primeiros meses de um ano desde o início de 2004, quando a alta foi de 6,5%.
Para os economistas do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), o resultado de março mostra que o crescimento da produção industrial não é explosivo. Na alta de 6,3% de março sobre março de 2007, quase 30% decorreu da alta na produção de automóveis e mais 13% vieram de máquinas e equipamentos.
Entre as categorias de uso, bens de capital atingiu a taxa mais elevada (12,7%) na comparação com março de 2007, enquanto a produção de bens de consumo duráveis ficou 6,5% maior em igual comparação. O bom desempenho de bens de capital foi sustentado por todos os seus subsetores. Acima da média de 12,7%, estão os bens de bens de capital para agricultura (34,9%) e para transporte (18,8%). A produção de máquinas e equipamentos para fins industriais cresceu expressivos 10,9%, "confirmando o elevado nível dos investimentos", segundo o IBGE.
Na comparação entre o primeiro trimestre de 2008 e o último de 2007, a alta foi de 0,4%, taxa bem inferior ao 1,9% da passagem trimestral anterior. E foi o pior resultado desde o terceiro trimestre de 2005, quando a queda foi de 0,7%.