Título: Ministro quer extinguir contas do tipo B
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Fonte: Valor Econômico, 09/05/2008, Política, p. A8

O ministro Paulo Bernardo (Planejamento) defendeu ontem a proibição de despesas de governos estaduais e municipais pagos por meio de contas bancárias tipo "B", como forma de reduzir e tornar mais transparentes os gastos públicos. Aberta em nome de servidor, essa conta é uma modalidade de pagamento de gastos de pequeno vulto, cuja prestação de contas pode ser feita três meses depois.

"A conta tipo B é de transparência zero, na qual não se enxerga nada. Você nunca viu nenhum governo se preocupar com essas contas. Porque ninguém sabe o que é. Ninguém reclama, ninguém vai falar nada. Não se fala em auditoria ou CPI de conta tipo B", disse.

No governo federal, essa forma de pagamento ainda existe, mas está havendo uma transferência para o sistema dos cartões corporativos, cujas despesas são colocadas na Internet, por meio do Portal da Transparência. Por ato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, as contas tipo "B" estarão extintas no governo federal a partir de julho.

Em 2002, as despesas com essas contas chegaram a R$ 229 milhões. No ano passado, foram de R$ 99 milhões, enquanto os gastos com cartões chegaram a R$ 78 milhões. "Se temos uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) trabalhando a questão dos cartões corporativos e das contas tipo B, é uma oportunidade excepcional de dar mais transparência e clareza dos serviços públicos", disse o ministro, ontem, no Senado Federal, depois de participar da abertura do ciclo de debates sobre Controle Externo das Instituições Públicas.

"Se você pegar o que se gasta com o governo federal, Estados e municípios deve passar de R$ 1 bilhão por ano", disse o ministro. Ele disse também que "isso fica em gaveta e ninguém tem informações de como são feitos estes gastos". "Vamos colocar tudo na internet, sob a luz dos holofotes, permitir que a sociedade veja o que é feito com esse dinheiro. Com certeza vamos reduzir os valores que são gastos", disse o ministro do Planejamento.

Paulo Bernardo anunciou a realização de um "pente fino" nas contas de serviços dos ministérios do Planejamento, Defesa, Saúde, Educação, Justiça e Fazenda, para tentar diminuir os gastos. "Vamos monitorar desde energia elétrica, água e esgoto, a serviços técnicos profissionais, de apoio, administrativos, diárias, passagens e gastos com terceirizados. Em tudo isso, vamos fazer um pente fino. O objetivo é reduzir o máximo possível o volume dessas despesas", afirmou o ministro. O governo contratou o Instituto de Desenvolvimento Gerencial (INDG) para ajudar no trabalho. (RU)