Título: Pimentel negocia com Executiva do PT aval a aliança
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 09/05/2008, Política, p. A6

O PT de Minas Gerais e a Executiva Nacional do partido retomaram o diálogo sobre uma possível aliança da legenda com o PSDB no estado. Conversas entre as duas partes durante a semana reacenderam a possibilidade de a cúpula do partido aprovar a coligação com os tucanos, tendo como intermediário o candidato do PSB à prefeitura, Márcio Lacerda. Para recuar, a Executiva do PT imporá condições. A principal delas será a ordem para o PT mineiro descolar a aliança mineira para a campanha a prefeito das eleições presidenciais de 2010.

"O principal erro do acordo costurado pelo Pimentel foi nacionalizar esta aliança. Fosse algo restrito a Minas Gerais, sem acordo para as eleições de 2010, nada disso teria acontecido. O tema seria tratado como uma coligação regional e ponto final", diz um integrante da Executiva Nacional que conversou com Fernando Pimentel (PT), prefeito de Belo Horizonte, principal fiador do acerto com o governador tucano Aécio Neves, esta semana.

O acerto envolveria o lançamento da candidatura do prefeito petista ao governo mineiro em 2010. Preocupado com o destino do acordo, Pimentel esteve em Brasília nesta semana para conversar com dirigentes e líderes da sigla. O prefeito tenta melhorar o clima interno e quer também manter o acordo firmado em Belo Horizonte.

Na terça-feira, jantou com os deputados Ricardo Berzoini (SP, presidente nacional do PT), Maurício Rands (PE, líder na Câmara), e José Eduardo Cardozo (SP, secretário-geral do partido).

Depois de anunciar o acerto com Aécio, Pimentel viu-se em meio a uma crise interna no PT. A Executiva vetou o acordo com o PSDB em torno da campanha de Márcio Lacerda (PSB). O acordo, que já tinha proporções acima do esperado, recebeu ainda mais holofotes depois que Pimentel divulgou uma carta reafirmando a aliança com os tucanos em torno do PSB.

"A carta foi um erro. Houve vários erros. Agora, temos de encontrar um caminho para não ofender a Executiva Nacional", disse um integrante da cúpula. "A primeira ordem é baixar a bola para o assunto. Temos de parar com esse negócio de ameaça de ir à Justiça. Fizemos um pacto segundo o qual vamos procurar uma solução comum", completa. Depois da decisão da Executiva, o PT mineiro ameaçou recorrer aos tribunais. No dia 26, a Executiva volta a debater o tema.

Mas nenhum dos integrantes da cúpula partidária admite que a Executiva já promete um recuo. Dizem que as conversas com Fernando Pimentel são importantes para retomar o diálogo, que estava ruim. Mas a decisão está aberta. Há um leque de opções, e o veto ainda tem força dentro da legenda.