Título: BNDES dá 'cheque especial' para 10 empresas
Autor: Góes , Francisco
Fonte: Valor Econômico, 08/05/2008, Brasil, p. A6

Dez grandes grupos privados nacionais vêm conseguindo reduzir os prazos para contratar financiamentos de projetos junto ao Banco Nacional de desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Eles tiveram empréstimos aprovados na linha conhecida como limite de crédito, criada em 2005 e que funciona como uma espécie de cheque especial para empresas com baixo risco e bom histórico de relacionamento com a instituição de fomento. Nessa modalidade, a contratação de financiamento para um projeto pode sair em cerca de três meses, enquanto nas linhas tradicionais o tempo médio para contratar uma operação de porte (mais de R$ 10 milhões) é de dez meses.

Os dez grupos tiveram aprovados, na linha de limite de crédito, empréstimos de R$ 12,2 bilhões, cerca de 12% das aprovações do banco nos últimos 12 meses encerrados em março e que totalizaram R$ 102,5 bilhões. As empresas beneficiadas pela linha reconhecem a maior agilidade e os ganhos de produtividade obtidos na relação com o BNDES, mas este tipo de operação também é alvo de críticas. "Houve um afrouxamento do padrão de análise dos grandes clientes, o que é ruim", diz o ex-presidente do BNDES Carlos Lessa.

Segundo ele, na sua gestão, entre início 2003 e fim de 2004, uma das grandes críticas foi de que o banco tinha muita burocracia. "A essas intrigas sempre respondi que o banco não era uma padaria", disse Lessa. Para ele, a operação com uma linha de crédito automática é característica de banco de investimento e não de uma instituição de fomento que pensa no desenvolvimento do Brasil.

A linha de limite de crédito foi lançada em 2005 dentro do programa de agilização de crédito para investimento, para acelerar e simplificar os procedimentos adotados pelo banco em suas análises de financiamento. A linha permite implantação, modernização e ampliação de ativos fixos e compra de máquinas e equipamentos.

O BNDES, por meio da assessoria, discordou da análise de Lessa de que os procedimentos na linha de limite de crédito são mais frouxos. Segundo o banco, depois de aprovado o limite de crédito há controles específicos e as operações financiadas dentro da linha recebem acompanhamento. Uma empresa siderúrgica, por exemplo, só pode utilizar a linha para investir em sua área de atuação. A vantagem da linha, de acordo com o banco, é que ela evita a repetição de tarefas, como a avaliação financeira e contábil, uma vez que na hora de aprovar o limite é feita uma análise global da companhia.

A empresa, por sua vez, apresenta um conjunto de projetos que pretende desenvolver. Na área de insumos básicos do banco, que financia projetos de indústria pesada, o prazo médio de aprovação de um empréstimo é de 5,2 meses, enquanto na linha de limite de crédito este tempo cai para 3,7 meses.

"A linha contempla uma estrutura inteligente porque mantém disciplina e permite ganhar em agilidade", diz Carlos Fadigas, vice-presidente de finanças da Braskem. A empresa teve aprovados R$ 600 milhões nessa linha, dos quais até agora apresentou mais de 100 pequenos projetos que exigirão desembolsos de R$ 368 milhões.

Paulo Penido Marques, diretor de finanças e relações com investidores da Usiminas, também fez uma avaliação positiva da linha. Ele citou como vantagens a agilidade e a rapidez nos desembolsos solicitados pela empresa.