Título: País responde por 24% do consumo de combustíveis
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 12/05/2008, Brasil, p. A3

Os Estados Unidos têm um apetite voraz por combustíveis, respondendo por 24% do consumo mundial. Em 2006, segundo dados da BP Statistical Review, aquele país produziu 13,7 milhões de barris de petróleo e líquido de gás natural (LGN) por dia, mas esse volume é insuficiente para atender ao consumo interno, que chegou a 20,59 milhões de barris/dia de combustíveis no mesmo ano, incluindo derivados de petróleo, etanol e biodiesel. Para se ter uma idéia do que isso significa em termos mundiais, o consumo da União Européia no mesmo ano foi de 14,8 milhões de barris, e se forem contabilizados todos os países da Europa e Eurásia, juntos, o volume sobe para 20,4 milhões de barris/dia de combustíveis.

A capacidade de refino do país também é gigantesca. Enquanto as 11 refinarias da Petrobras no Brasil produzem em média 1,795 milhão de barris de derivados/dia, o equivalente a 2,2% da capacidade mundial, os Estados Unidos têm capacidade de produzir 17,45 milhões de barris/dia de combustíveis, por meio de refinarias que respondem por 20% da capacidade instalada mundial. A China, que tem o segundo maior parque de refino do mundo, produzia 7,029 milhões de barris/dia de combustíveis em 2006, à frente da Índia, que produziu cerca de 3 milhões de barris diários.

Dado o tamanho e as características desse mercado, a competição é enorme. Nem todas as refinarias americanas têm capacidade de processar o petróleo pesado brasileiro, apenas as mais sofisticadas, que são controladas por alguns grupos com tentáculos comerciais ao redor do planeta. São elas a Chevron, Exxon, Valero e BP . A própria refinaria de Pasadena, no Texas, que foi comprada pela Petrobras ainda não tem capacidade de processar óleo pesado brasileiro. A unidade sendo modernizada para aumentar sua capacidade de refino e para que possa usar petróleo pesado, mas até lá, tem que comprar petróleo leve.

De acordo com uma fonte experiente ouvida pelo Valor, a maior entrada do petróleo brasileiro no mercado dos Estados Unidos também pode ter sido ajudada por uma regulamentação que exige que os navios usem óleo (bunker) com baixo teor de enxofre em alguns portos, o que é favorável para o petróleo Marlim brasileiro que tem essa especificação. (CS)