Título: Wagner fica longe de palanques em Salvador
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Fonte: Valor Econômico, 12/05/2008, Política, p. A7

Nenhum partido que disputa a cadeira de prefeito de Salvador contará, no primeiro turno, com o apoio formal do governador da Bahia, Jaques Wagner. Colocado em uma situação delicada por seu partido, o PT, que, no âmbito municipal rompeu com o PMDB, decidindo por uma candidatura própria, Wagner não apoiará nenhum candidato. "Minha tendência é ficar eqüidistante. Não posso embarcar em palanque, pelo menos não no primeiro turno", disse Wagner em entrevista ao Valor no Palácio de Ondina, onde reside.

Nos últimos dias, Wagner não esconde a insatisfação com a decisão do PT em optar por ter um candidato próprio. "Eu sempre defendi a manutenção da unidade política de nossa base de sustentação. Infelizmente não conseguimos essa unidade", diz. Para ele, porém, o próprio prefeito de Salvador, João Henrique Carneiro (PMDB), também é responsável por essa situação. "Ele não conseguiu agregar e construir essa unidade", avalia.

Embora tenha deixado a prefeitura no dia de 8 de abril, até agora o PT não definiu quem será seu candidato. A idéia é que isso tivesse acontecido na noite da última quarta-feira, um dia antes de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcar na cidade e cumprir uma agenda recheada de anúncios de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Com a indefinição, o PT foi o partido que menos capitalizou com essa visita de Lula. O prefeito João Henrique mesmo tendo feito um discurso rápido e nada empolgante, esteve ao lado do presidente em evento em Salvador e foi citado por ele. O ex-prefeito da cidade e candidato do PSDB, Antonio Imbassahy, também se saiu bem. Convidado pelo governador, estava na primeira fila e foi citado três vezes por Lula durante seu discurso. O presidente chegou a brincar com o tucano, dizendo que ele não havia recebido tantos recursos do governo federal quanto os que ele (Lula) tem concedido à atual administração.

Já dois dos quatro pré-candidatos do PT, os deputados federais Walter Pinheiro e Nelson Pelegrino, estavam no palco com Lula, em lados opostos, e passaram despercebidos. O presidente estadual do PT, Jonas Paulo, minimiza a demora do partido em decidir quem será seu candidato. Para ele, "o fato de o presidente ter citado Imbassahy não diz nada. O presidente é do PT e é isso que importa".

Wagner é contra as prévias para a escolha do candidato. "São um prejuízo, causam desgaste, atrasam o processo de escolha e, enquanto isso, os partidos que poderão ser aliados tem que esperar uma definição", argumenta. Quem acaba ganhando com esse atraso e com a desunião de PMDB e PT são as candidaturas de ACM Neto (DEM) e Imbassahy (PSDB).

O governador diz que já deixou claro aos pré-candidatos do PT qual é seu preferido, quem ele acredita ter mais chances de chegar à prefeitura e de agregar mais partidos da base de apoio. "Não posso falar publicamente, mas eles sabem qual é minha escolha", afirma. Além de Pinheiro e Pelegrino, os outros dois pré-candidatos do PT são o deputado federal Luiz Alberto e o deputado estadual J. Carlos.