Título: Mercado financeiro reduz para 4,47% projeção para a inflação de 2009
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 13/05/2008, Brasil, p. A2
As expectativas de inflação do mercado financeiro para 2009 caíram na semana passada, de 4,49% para 4,47%, mostra a pesquisa do Banco Central com cerca de 100 analistas econômicos. As expectativas de inflação para 2009 são hoje um dos principais indicadores observados pelo Copom nas decisões sobre a taxa básica de juros.
O leve recuo na inflação projetada representa um alívio na tendência de deterioração nas expectativas que vinha correndo desde fins de 2007. Mas não permite, ainda, concluir de maneira definitiva que as expectativas de inflação deixarão de piorar. As expectativas de inflação costumam oscilar muito em torno de uma tendência. Em 3 de março, por exemplo, as expectativas de inflação recuaram para 4,25%, ante os 4,3% observados no dia útil anterior. Mas nos dias seguintes as expectativas retomaram tendência de piora.
O indicador oficial das expectativas de mercado é a mediana das projeções. Ou seja, o BC reúne as projeções feitas por todos os analistas, as ordena por valores crescente e extrai o percentual que está mais no centro. A mediana melhorou, caindo de 4,49% para 4,47%. Mas houve piora na média, que é a soma de todas as projeções, dividida pelo número de projeções. Por esse critério, as projeções de inflação subiram de 4,37% para 4,4%.
Houve piora também nas expectativas dos chamados Top 5, que são o grupo de cinco analistas econômicos que mais acertam as suas projeções. Subiu de 4,5% para 4,6% a inflação mediana esperada para 2009 pelos Top 5 que mais acertam projeções de curto prazo. Entre os analistas que acertam mais projeções de médio prazo, a inflação esperada subiu de 4,4% para 4,5%.
Já para 2008, a inflação esperada pelo conjunto de cerca de 100 analistas econômicos subiu de 4,86% para 4,96%. Desde o início de abril o percentual já supera a meta de inflação, fixada em 4,5% para o ano. A expectativa de inflação para 2008, porém, tem pouca influência sobre a política monetária. Eventuais altas de juros básicos atingem os índices de preços com defasagem entre 6 e 9 meses, quando transmitidas pela atividade econômica. Ou seja, altas de juros feitas agora influenciam sobretudo a inflação do próximo ano.
O mercado espera que os juros básicos, hoje em 11,75% ao ano, subam para 12,25% na próxima reunião do Copom, em junho. Até o fim do ano, a taxa básica subiria para 13,25% ao ano, o que totalizaria uma alta de juros de 2 pontos percentuais no atual ciclo de aperto monetário. Quando o BC começou a subir os juros, em abril, a taxa básica estava em 11,25% ao ano.