Título: Gerdau anuncia investimentos de US$ 835 milhões na Açominas
Autor: Camarotto* , Murilo ; Ribeiro , Ivo
Fonte: Valor Econômico, 13/05/2008, Empresas, p. B7

Com o anúncio de que a Açominas, usina do grupo em Ouro Branco (MG), irá receber um laminador com capacidade de 870 mil toneladas por ano, a Gerdau marcou oficialmente ontem a sua entrada no mercado doméstico de chapas grossas de aço, que hoje é dominado pela Usiminas. A partir do segundo semestre de 2010, previsão para o início da produção, a companhia poderá disputar o fornecimento das chapas a setores com grandes perspectivas de crescimento, como o naval, de infra-estrutura e de equipamentos pesados (máquinas e implementos) e da construção civil (estruturas metálicas) e na produção de tubos com costura de média e grande dimensão para gasodutos.

Com a demanda bastante aquecida, o consumo dessas chapas no país deverá atingir o volume produzido pela Usiminas (em Ipatinga-MG e Cubatão-SP) no próximo ano, o que levaria à necessidade de aumento expressivo de importação do produto. A capacidade de oferta da siderúrgica brasileira é projetada em torno de 2,1 milhão de toneladas, no limite, em 2009. Tanto é que a empresa tem plano de ampliar sua linha em Ipatinga em 500 mil toneladas, mas só depois de 2010.

Diante desse cenário, também a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) já está se movimentando e anunciou a intenção de atuar nesse mercado a partir de 2011 ou 2012, quando prevê pôr em operação novas unidades, como um forno em Volta Redonda e uma usina em Congonhas-MG, ao lado da mina Casa de Pedra. Seu plano é fabricar 500 mil toneladas de chapas grossas por ano.

O mercado brasileiro para esse produto é estimado em pouco mais de 2 milhões de toneladas neste ano, conforme projeções do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda). No próximo ano, deverá crescer outros 10%. As importações, que se situavam em pouco mais de 30 mil toneladas até 2006, no ano passado saltaram para 166 mil. Neste ano, a previsão é de 140 mil toneladas, mas para 2009 já se espera que subam para 200 mil. Por outro lado, as exportações vêm caindo a cada ano.

A Gerdau Açominas irá receber ainda um novo laminador de perfis médios, com capacidade de 650 mil toneladas por ano. Esse produto tem aplicações na construção civil, máquinas e equipamentos agrícolas e rodoviários, estruturas metálicas, construção mecânica e naval.

Os dois equipamentos terão investimentos US$ 730 milhões, sendo US$ 400 milhões para o laminador de chapas grossas e US$ 330 milhões para o de perfis médios, segundo informou ontem André Gerdau Johannpeter, presidente do grupo. Ao todo, o pacote de recursos soma US$ 835 milhões, incluindo a expansão da linha de perfis pesados.

"O foco das nossas chapas grossas será o setor da construção", afirmou André Gerdau. Segundo ele, ambos os projetos - que fazem parte de um pacote de investimentos do grupo no país de US$ 4,4 bilhões - estarão em operação no segundo semestre de 2010. "Já estamos com negociações bem adiantadas para encomenda do laminador de chapa grossas com diversos fornecedores no mundo", informou.

Os planos de expansão da Gerdau continuam também no campo das aquisições. André Gerdau disse que a companhia está em vias de concluir a compra da retificadora de aços especiais espanhola Del Vallés, de Barcelona, pelo montante de US$ 105 milhões. Ele informou que a transação já foi aprovada pelas autoridades espanholas e que a empresa (uma trefiladora), com vendas anuais de 70 mil toneladas por ano, deve ser incorporada em breve. Além da unidade industrial em Barcelona, conta ainda com dois centros de distribuição, sendo um na Espanha e outro, na França.

Também está sob análise da Gerdau ampliar os investimentos na extração de minério de ferro, com olhos para uma eventual venda do produto a terceiros. Para isso, teria de elevar os aportes em suas minas e no porto que estuda instalar em Sepetiba (RJ), ao lado de sua usina (antiga Cosígua). O investimento no terminal está orçado em US$ 300 milhões e deverá ficar pronto em 2012 para receber e escoar produtos seus e de terceiros.

De concreto, no entanto, a companhia informou que tem apenas a meta de chegar a 2010 produzindo entre 6 milhões e 7 milhões de toneladas anuais de minério de ferro, volume que representa cerca de 80% de seu consumo. Para este fim, tem reservados US$ 130 milhões. O grupo detém hoje reservas de minério da ordem de 1,8 bilhão de toneladas na região do Quadrilátero Ferrífero, em Minas. Sobre vir a adquirir outros ativos, disse que existem algumas oportunidades no país e que o grupo está atento. (*Valor Online)