Título: Usina de Jirau terá dois megaconsórcios na disputa
Autor: Rittner , Daniel
Fonte: Valor Econômico, 13/05/2008, Empresas, p. B7

O leilão da usina de Jirau, a segunda hidrelétrica do rio Madeira, marcado para a próxima segunda-feira, terá mesmo apenas dois participantes. Conforme esperado, Odebrecht e Furnas vão repetir a dobradinha vencedora da usina Santo Antônio, licitada em dezembro. A novidade ficará por conta da associação entre a multinacional franco-belga Suez Energy e a construtora Camargo Corrêa, que foram ao primeiro leilão de maneira independente.

A multinacional Suez será majoritária, com 50,1% de participação no consórcio, de acordo com documentação apresentada ontem à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A Camargo Corrêa terá 9,9% e o restante ficará com duas subsidiárias da Eletrobrás: Eletrosul e Chesf, cada uma com 20% de participação. Essa divisão societária afasta o risco de "estatização" de Jirau, após a sanção da medida provisória que autorizou a Eletrobrás a ser majoritária, em consórcios com o setor privado, nos investimentos em geração.

A espanhola Endesa e a CPFL Energia, que participaram do leilão de Santo Antônio em parceria com a Camargo Corrêa, ficaram de fora do novo consórcio. Nada impede, entretanto, que elas entrem posteriormente na sociedade. Com a união entre Camargo e Suez, a Odebrecht deve enfrentar agora um concorrente com mais combustível financeiro e munido de estudos mais completos sobre as obras de engenharia do que no leilão anterior.

No leilão de Santo Antônio, a Odebrecht venceu ao oferecer um deságio de 35% em relação à tarifa máxima, com a proposta de R$ 78,90 por megawatt-hora (MWh). O consórcio vencedor daquela licitação está repetindo exatamente sua formação: 17,6% para a Odebrecht Investimentos em Infra-Estrutura, 1% para a Construtora Norberto Odebrecht, 12,4% para a Andrade Gutierrez Participações, 10% para a estatal mineira Cemig, 39% para Furnas e 20% para o fundo de investimentos e participações Amazônia Energia II (formado pelos bancos Santander e Banif).

Pelo cronograma da Aneel, os consórcios deverão fazer a entrega de garantias amanhã, no valor de 1% do investimento total, estimado em R$ 8,7 bilhões. As empresas compradoras da energia de Jirau precisarão depositar R$ 2 mil por MW de demanda declarada. A previsão é que a usina comece a produzir energia a partir de janeiro de 2013.

Independentemente do resultado da disputa pela concessão da hidrelétrica, o grupo Suez informou que fará, ainda nesta semana, um leilão de venda de energia para entrega de 2013 a 2022. A empresa belga se compromete a honrar os contratos de compra e venda mesmo em caso de fracasso na concorrência pela usina do rio Madeira.