Título: Itaú amplia tesouraria e abre subagência no Japão
Autor: Lucchesi , Cristiane Perini
Fonte: Valor Econômico, 13/05/2008, Finanças, p. C8

O Banco Itaú resolveu expandir suas atividades no Japão. Abriu no dia 1º de maio uma subagência em Aichi, na cidade de Toyohashi, onde moram cerca de 35 mil brasileiros. Vai ampliar também suas atividades de tesouraria e de captação de recursos no mercado interno japonês.

"Queremos oferecer investimentos em reais não apenas para brasileiros no Japão, mas também para os peruanos e para os japoneses", diz o diretor da área internacional do Banco Itaú, Paulo Soares. "Agora que virou grau de investimento, o Brasil é a noiva da vez", afirma.

Por meio de uma tesouraria mais ativa, o Itaú quer se tornar formador de mercado para operações envolvendo reais e ienes, conta Soares. "Temos as melhores condições para isso", diz. O banco está de olho no crescente mercado de transações chamadas de "carry trade", por meio dos quais o investidor se financia em moedas de juros baixos, como o iene, e investe em moedas de juros altos, como o brasileiro real.

A primeira agência do Itaú no Japão foi aberta em Tóquio, ainda em 2004. Depois, em dezembro de 2006, o banco comprou as operações de depósitos e remessas dos clientes do Banespa no Japão, incorporando-as à agência em Tóquio, que hoje tem capital alocado de US$ 25 milhões e cerca de 50 mil clientes, incluindo peruanos que moram no Japão.

Além da agência em Tóquio, os clientes do banco podem usar cerca de 26 mil terminais de atendimento do Correio Postal, internet e telefone. A central de atendimento às ligações fica no Brasil. O banco tem ainda oito gerentes comerciais espalhados pelas regiões de maior concentração de brasileiros. A nova subagência vai contar com a presença de três gerentes para orientar os negócios dos brasileiros e peruanos, explica Soares.

A nova subagência funcionará de segunda a sábado, das 9h às 15h, e oferecerá aos brasileiros e peruanos a possibilidade de solicitar a abertura de uma conta no Itaú Brasil, no bairro da Liberdade, realizar remessas de recursos para o exterior, efetuar transferências e investimentos, entre outras operações. "Estamos ampliando a nossa presença comercial sem ter de arcar com o custo de abertura de uma agência", diz ele. Os gastos para abrir uma subagência representam de 10% a 15% do total dos gastos com uma agência completa, afirma. Toda a demanda administrativa será encaminhada para Tóquio, no centro administrativo do banco, no bairro de Kanda. A agência de Tóquio é no bairro de Marunouchi.

Somente no Japão vivem mais de 280 mil brasileiros descendentes de japoneses que enviam cerca de US$ 2 bilhões todos os anos ao Brasil, segundo dados do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Com os investimentos na região, os clientes do Itaú no Japão conseguem realizar operações bancárias 24 horas por dia, sete dias por semana.

Das remessas de US$ 200 milhões feitas pelo Itaú do Japão para a América Latina ao ano, 70% são de brasileiros e 30%, de peruanos, revela Soares. "A comunidade de peruanos descendentes de japoneses no Japão hoje é estimada em 80 mil pessoas e isso representa um grande potencial de clientes para nós", diz ele. O banco tem acordos com instituições financeiras peruanas para possibilitar as remessas.

A Itaú Corretora também já anunciou planos de expansão no Japão: pretende investir US$ 100 milhões para abrir uma subsidiária em Tóquio, provavelmente em setembro, e em Dubai, no Oriente Médio, antes disso. O objetivo é vender títulos e ações brasileiras nessas regiões. "Os japoneses são muito conservadores. Eles têm US$ 7 trilhões em depósitos que rendem 0,3% ao ano", disse Roberto Nishikawa, presidente da Itaú Corretora, em março, quando anunciou a decisão de expansão ao Valor.

Na Ásia e Oriente Médio, a Itaú Corretora está presente também em Hong-Kong. O Itaú BBA tem um escritório de representação em Xangai, na China. O grupo tem escritórios em Cingapura, Pequim (China) e Abu Dhabi.