Título: Bancos médios captam US$ 320 milhões
Autor: Lucchesi,Cristiane Perini
Fonte: Valor Econômico, 14/05/2008, Finanças, p. C1

Os bancos médios aproveitaram o bom momento para o Brasil, que obteve o grau de investimento pela Standard & Poor's no dia 30 de abril, e anunciaram US$ 320 milhões em captações externas. Os recursos serão usados no crédito interno para pessoas físicas e jurídicas, que está em franca expansão.

O comportamento positivo do mercado externo, com queda de mais de 5% no risco-Brasil ontem, ajudou e o BicBanco abriu e fechou no mesmo dia operação de US$ 50 milhões. O Banco Panamericano, conforme adiantou o Valor, vai lançar papéis no exterior, de US$ 120 milhões. O BMG abriu o livro de ofertas para captação de US$ 150 milhões. Segundo o mercado, o Banco Daycoval e o Banco Pine serão os próximos, não necessariamente nesta mesma ordem.

"O clima mais favorável para o Brasil pós-grau de investimento ficou evidenciado quando conseguimos abrir e fechar nossa captação de US$ 50 milhões no mesmo dia", diz Milto Bardini, vice-presidente do BicBanco. O BicBanco reabriu emissão de abril, de US$ 130 milhões em títulos de vencimento em dois anos e pagou cupom (juro nominal) e rendimento de 7% ao ano. As condições foram as mesmas de abril.

Segundo Bardini, a BB Securities e o Banif Banco de Investimento identificaram a demanda por mais papéis do BicBanco. "Fomos rápidos", afirma.

O Banco Panamericano anunciou que vai lançar US$ 120 milhões ainda neste mês, também com prazo de vencimento em dois anos e com juros em torno de 7,25% ao ano, segundo a Bloomberg News. Os líderes serão o Unibanco, Banco Votorantim e Banco Espírito Santo. Já o BMG vai lançar US$ 150 milhões em papéis de vencimento em três anos. Pretende pagar rendimento de 7,375% ao ano. Os líderes são o UBS e a butique de emissão de títulos americana BCP Securities.

Se essas emissões em andamento forem bem, outros bancos médios poderão também lançar títulos no exterior, segundo Bardini, que também é presidente da ABBC (Associação Brasileira de Bancos Comerciais).

Ele disse que, embora os custos de captação no mercado interno tenham se elevado para os bancos em geral, as margens no crédito também se expandiram e em proporção maior, devido a "demanda vigorosa". "Há liquidez no mercado interno, que continua bastante aberto, embora mais caro", afirma.

Com o grau de investimento do Brasil, no entanto, as captações externas ficaram mais atraentes. O risco-Brasil, sobre o qual os bancos médios pagam um prêmio nas captações, caiu de 225 pontos básicos no dia 29 de abril, um dia antes do grau de investimento, para 205 pontos ontem. No seu pico máximo pós-grau de investimento foi a 216 pontos. "Desde abril, o mercado internacional melhorou e vem se mantendo aberto para títulos de países emergentes", diz Samy Podlubny, da BCP Securities.