Título: Bônus ficam 20% acima do ano passado
Autor: Campos , Stela
Fonte: Valor Econômico, 14/05/2008, EU & Investimentos, p. D10

Os bônus destinados aos executivos do setor industrial brasileiro ficaram este ano 20% acima dos pagos em 2007 no mesmo período, entre março e abril. O bom desempenho da economia fez engordar a verba global ("bônus pool") distribuída entre presidentes, vice-presidentes, diretores, gerentes seniores e gerentes.

Estes dados fazem parte de uma pesquisa realizada pela consultoria Towers Perrin, que ouviu 120 empresas de diferentes setores da economia, 48% com faturamento a partir de R$ 1 bilhão, sendo 7% acima de R$ 9 bilhões. As premiações estão relacionadas ao cumprimento de metas estabelecidas para 2007. No caso dos presidentes, isso significou, em média, 7 salários extras este ano- em companhias com faturamento acima de R$ 3 bilhões. Este número, entretanto, pode variar dependendo do desempenho do executivo. "Quem teve uma performance excepcional recebeu até 10,5 salários a mais", diz Felipe Rebelli, consultor da área de remuneração da Towers Perrin.

A remuneração variável já é um item forte na composição dos pacotes oferecidos aos executivos no país. Um dos motivos é a briga por talentos que atinge hoje vários setores da economia. "Ela ainda funciona como uma arma eficaz para reter os melhores", diz Rebelli.

Este ano houve um aumento médio de 17% no montante destinado ao pagamento dessa remuneração variável. Na pesquisa, 94% das companhias disseram que distribuirão premiações por desempenho iguais ou superiores às de 2007. "As empresas de capital aberto, que publicam resultados, utilizam muito esta prática e agora estão aprimorando esses planos", diz o consultor. Cada vez mais, segundo Rebelli, esses programas estão sendo elaborados com base no reconhecimento da performance individual. "Em vez de dividir o 'bônus pool' com toda a equipe, um diretor comercial hoje prefere dar mais para quem se sobressaiu", diz.

Para segurar em seus quadros os melhores profissionais, as empresas também têm antecipado promoções, utilizado bônus de longo prazo ou criado algum tipo de bônus de retenção. "É uma premiação extra que será paga no prazo de dois anos, além dos incentivos de longo prazo, do salário, dos benefícios e do bônus anual", explica Rebelli. Antes, esse tipo de bonificação era restrita a companhias de grande porte. Agora, muitas médias também adotam esta prática.

No caso das empresas que realizam ofertas públicas iniciais (IPOs) os mecanismos de retenção mais utilizados são os programas de distribuição de ações, as stock options. "No Brasil eles são bastante agressivos", diz Rebelli. Nos Estados Unidos, o aumento das exigências contábeis fez com que muitas companhias diminuíssem o número de ações destinado aos executivos, o que inclui aqueles que trabalham nas subsidiárias. "Houve um corte drástico", diz o consultor.

No setor financeiro (3% das companhias pesquisadas), os bancos nacionais foram os que mais engordaram os bônus em relação a 2007. As instituições financeiras estrangeiras, no geral, tiveram que encolher a verba de premiações por conta da crise americana no segundo semestre do ano passado. "É muito difícil descolar o desempenho local do que acontece na matriz", diz Rebelli.

A pesquisa mostra ainda que os acréscimos nos salários por mérito também estão sendo bastante utilizados no país. Eles são praticados por 70% das empresas pesquisadas, sendo que 63% delas são múltis. Das que utilizam esse sistema, 20% efetivam essas mudanças no mês de abril. No geral, de gerentes para cima, os aumentos são 30% superiores aos demais níveis da organização.

O mês de maior incidência para o pagamento da remuneração variável para 30% das companhias é março. Em 61% delas, os indicadores financeiros mais utilizados para estabelecer o montante a ser distribuído são os de lucratividade, como o lucro líquido ou o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização). Apenas 43% usam o faturamento para este cálculo.