Título: Brasil avança seis posições em ranking de competitividade
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 15/05/2008, Brasil, p. A2

Duas semanas após ser promovido a grau de investimento pela agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P), o Brasil recebeu ontem uma boa notícia sobre o nível de competitividade de sua economia: o país galgou seis posições no ranking de 2008 da escola de negócios suíça IMD. O Brasil pulou do 49º para o 43º lugar, numa lista com 55 países, depois de dois anos seguidos de queda no Anuário de Competitividade Mundial da IMD. O salto foi impulsionado principalmente pela maior eficiência de negócios e pelo bom desempenho da economia.

Na comparação com os outros países do grupo dos Bric, o Brasil aparece atrás da China (17ª) e da Índia (29ª), mas à frente da Rússia (47ª). No entanto, a economia brasileira foi a única entre as quatro a ganhar postos neste ano - a chinesa e a indiana perderam duas posições cada uma e a russa, quatro. A liderança é dos EUA, seguidos de perto por Cingapura.

"É importante notar que o Brasil teve um dos melhores desempenhos do ranking deste ano", disse a diretora do Centro de Competitividade Mundial do IMD, Suzanne Rosselet. Apenas dois países ganharam mais postos que o Brasil - Eslovênia (32º) e Polônia (44º), que galgaram oito posições.

Suzanne destacou o avanço significativo do Brasil em dois dos quatro grandes pilares de competitividade do ranking: o de eficiência empresarial e o de desempenho econômico. O relatório analisa 331 critérios, dois terços dos quais baseados em informações quantitativas e um terço em qualitativas - estas baseadas em entrevistas conduzidas no Brasil pela Fundação Dom Cabral com cerca de 100 empresas.

No pilar eficiência empresarial, o país subiu do 40º para o 29º lugar. Segundo o professor Carlos Arruda, da Fundação Dom Cabral, o Brasil mostra um setor privado eficiente, em que se destacaram, na pesquisa deste ano, a adaptação das empresas às mudanças de mercado, a abertura a novas idéias e a eficiência das grandes companhias em produzir de acordo com padrões internacionais de qualidade. "A comunidade empresarial está mais otimista", disse Arruda, comentando a pesquisa realizada entre janeiro e abril deste ano.

Suzanne também ressaltou a melhora ocorrida no pilar desempenho econômico, em que o Brasil subiu do 47º para o 41 º lugar. "O crescimento mais forte da economia, o aumento do fluxo de investimentos estrangeiros diretos e a queda do déficit fiscal em 2007 foram fatores bastante positivos", disse ela, para quem o Brasil tem se beneficiado bastante da globalização. No ano passado, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 5,4% e os investimentos diretos ficaram próximos de US$ 35 bilhões. "Um aspecto importante é que o crescimento no Brasil não está relacionado apenas à alta dos preços das commodities. O consumo privado e o investimento também estão indo bem." A consolidação da estabilidade macroeconômica, segundo ela, também tem sido importante.

O Brasil avançou três posições no pilar eficiência de governo, atingindo o 51º posto, ainda assim um resultado fraco. No item tempo necessário para abrir uma empresa, o Brasil ficou na última colocação, assim como no quesito que analisa se a legislação ajuda na criação de companhias. Para Arruda, o setor público é o principal obstáculo para o Brasil melhorar a sua competitividade. Com um governo ineficiente, o setor privado é prejudicado, diz ele, o que torna o país menos competitivo do que poderia ser.

"Para enfrentar a questão da eficiência do governo, o Brasil deveria promover reformas como a da Previdência, a tributária e a trabalhista", disse Suzanne. Para ela, é importante dividir os benefícios do crescimento com a população e trabalhar para reduzir as desigualdades do país, como faz o Bolsa Família, mas também é necessário atacar questões estruturais.

O Brasil teve o seu pior desempenho no pilar infra-estrutura, em que recuou do 49º para o 50º lugar. "Isso reforça a importância e a urgência do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC)", afirmou Arruda. "A direção do PAC está correta, mas a velocidade de implementação ainda é muito lenta."

É nesse pilar que está incluído o item educação, em que o Brasil manteve a 48 ª posição. No item que trata da infra-estrutura científica, o país ficou no 49º posto, perdendo cinco lugares no ranking. Segundo a Fundação Dom Cabral, o Brasil gasta menos do que se espera com educação e pesquisa e desenvolvimento para um país do seu porte econômico. "Além disso, os gastos são pouco eficientes."