Título: Consignado consolida-se e impulsiona Cruzeiro do Sul
Autor: Carvalho , Maria Christina
Fonte: Valor Econômico, 15/05/2008, Finanças, p. C6

A consolidação do mercado de crédito consignado abriu espaço para a expansão do Banco Cruzeiro do Sul e é um dos principais motivos do exuberante lucro líquido recorrente de R$ 66,7 milhões do primeiro trimestre que a instituição divulga hoje, o triplo dos R$ 21,1 milhões de igual período de 2007. Se forem somados os R$ 43,9 milhões em ganhos extraordinários com a venda de participação acionária na Telebrás e a reversão de provisões fiscais decorrente de decisão final do Superior Tribunal Federal, o resultado atinge os R$ 110,6 milhões.

Para o diretor presidente do banco, Luis Octavio Índio da Costa, o resultado veio em linha com a expectativa de fechar o ano com um lucro líquido de R$ 250 milhões.

O patrimônio do banco fechou o trimestre em R$ 1,111 bilhão. O retorno anualizado sobre o patrimônio médio do período ficou em 25,1% considerando o lucro recorrente e em 41,6% levando em conta os ganhos extraordinários.

Segundo Índio da Costa, a abertura do mercado de crédito consignado para os 23 milhões de beneficiários do INSS ocasionou o crescimento explosivo e "distorcido" do mercado. Novos bancos foram atraídos para o negócio.

A partir do final de 2007, porém, alguns bancos que haviam entrado no consignado para expandir a carteira após a onda de abertura de capital do ano passado acabaram reduzindo a exposição e focando outras linhas. O consignado, explicou, é um negócio que exige escala para ser rentável.

Com isso, o spread melhorou e as receitas cresceram. Índio da Costa notou também que a operação de crédito consignado com cartão de crédito, uma especialidade do Cruzeiro do Sul, é mais rentável.

A carteira de crédito do Cruzeiro do Sul atingiu R$ 3,58 bilhões no final de março, dos quais R$ 3 bilhões de consignado; R$ 167,4 milhões de operações financiadas com cartão de crédito consignado; e R$ 382,6 milhões para pequenas e médias empresas.

A produção de consignado somou R$ 680,7 milhões (R$ 628,8 milhões de forma direta e R$ 51,9 milhões pelo cartão de crédito) com média mensal no trimestre de R$ 226,9 milhões. A produção é sazonalmente menor no primeiro trimestre por causa do período de férias mas foi também afetada introdução do IOF no crédito e mudança de regras do consignado do INSS em fevereiro. A Dataprev chegou a parar. Em março, a produção retomou o ritmo e foi de R$ 258,7 milhões, atingindo R$ 350 milhões em abril, recorde do banco.

Apesar do aperto de liquidez internacional no início do ano, o Cruzeiro do Sul fez duas captações externas no primeiro trimestre: levantou US$ 100 milhões em fevereiro por um ano e meio, pagando 7,5% ao ano; e mais US$ 110 milhões em abril, pagamento a mesma taxa por um prazo de 24 meses. No total, o Cruzeiro do Sul tem US$ 600 milhões emitidos no exterior.

As captações externas mais a venda de ações permitiram ao banco reduzir a cessão de carteira a 24% do total produzido, em comparação com 80% antes da abertura de capital, o que dá mais consistência aos resultados.