Título: Fiesp espera saldo comercial de US$ 17,6 bilhões este ano
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 19/05/2008, Brasil, p. A4

Os efeitos da desvalorização do dólar em relação ao real sobre o superávit comercial levaram a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) a reduzir sua previsão de saldo para a balança comercial deste ano para US$ 17,6 bilhões. A estimativa anterior era de US$ 20,5 bilhões.

De acordo com o diretor do departamento de Pesquisas Econômicas da Fiesp, Paulo Francini, com esse saldo menor é provável que a conta corrente (as transações do país com o exterior) encerre o ano com déficit em US$ 23 bilhões. Esse cenário considera um preço médio de petróleo em US$ 100 por barril, um crescimento de 5% da produção industrial brasileira e uma valorização cambial média de 5% em relação a 2007.

A variação do petróleo é importante para o saldo, pois embora o Brasil seja auto-suficiente em volume, ele exporta óleo pesado (mais barato) e importa óleo leve (mais caro). Já o comportamento positivo da produção industrial entra na conta pela maior importação de insumos e de bens industrializados derivada dessa expansão. A valorização cambial, variável que deu origem ao estudo, reduz a receita com exportações e cria desafios competitivos à indústria local.

O estudo, realizado há três semanas, indica que nesse cenário-base as exportações somarão US$ 179,9 bilhões e as importações, US$ 162,3 bilhões. A pesquisa não leva em conta o anúncio da criação do fundo soberano - que pode interferir na formação da taxa de câmbio - e nem a recente conquista do grau de investimento concedido pela agência Standard & Poor's. Francini acredita que essa classificação, embora favorável ao país, pressiona ainda mais a queda do dólar, ao atrair maior fluxo de capital estrangeiro.

Além desse cenário-base, que tem os melhores resultados considerados para as contas externas, a Fiesp também projetou outras quatro alternativas, com diferentes comportamentos para as variáveis. No pior cenário, o saldo da balança minguaria para US$ 9,5 bilhões, com déficit em conta corrente de US$ 30 bilhões. Nesse quadro, a Fiesp considerou preço médio de US$ 110 para o barril de petróleo, valorização cambial média de 10% frente a 2007 e alta de 5% na produção industrial. Essas condições levariam as importações para US$ 168,5 bilhões e as exportações a US$ 178 bilhões.

As mais recentes projeções do Banco Central, de março, apontam para um déficit em conta corrente de US$ 12 bilhões e saldo comercial de US$ 27 bilhões.