Título: Tucano fecha com o PTB em troca da vice
Autor: Agostine , Cristiane
Fonte: Valor Econômico, 16/05/2008, Política, p. A7

Alckmin deve voltar a ter o presidente da sigla em São Paulo, Campos Machado, como vice em sua chapa Em meio à tentativa de sair do isolamento político, o candidato do PSDB a Prefeitura de São Paulo, Geraldo Alckmin, fechou ontem sua primeira aliança partidária, com o PTB. No acordo, os petebistas indicarão a vice e o nome mais cotado é o do deputado estadual Campos Machado, presidente do diretório paulista da sigla. Machado já foi vice de Alckmin em 2000, quando o tucano disputou pela primeira vez o governo paulistano. O anúncio oficial será feito na segunda-feira e ainda não há consenso sobre a abrangência da aliança: se valerá somente para o prefeito ou se também será estendida para os vereadores.

O PTB tenta fazer com que a coligação seja proporcional, para dobrar o número de parlamentares eleitos. Os vereadores do PSDB, que defendem a reeleição do prefeito Gilberto Kassab (DEM), ficaram mais irritados com Alckmin. Para eles, com o PTB disputando os mesmos votos, será mais difícil conseguir a reeleição.

Segundo Machado, o DEM também sondou o PTB. A ampla participação do PTB na administração Alckmin (2001-2006), espalhado em cargos de segundo e terceiro escalão e com apenas uma secretaria, pesou na decisão. O aliado se comprometeu a ajudar na arrecadação da campanha. "Se Alckmin continuar bem nas pesquisas, conseguiremos mais recursos", disse. Com o acordo, a candidatura terá cerca de cinco minutos no horário eleitoral, metade do que tem Kassab.

Na próxima semana, além do ato político com o PTB, o PSDB também deve reunir em São Paulo parlamentares da Câmara Federal e do Senado para apoiar o ex-governador. Os tucanos contrários à candidatura Alckmin, liderado pelo secretário municipal Walter Feldman e por 90% dos vereadores da bancada tucana, consideram o ato um "equívoco". " Querem nacionalizar uma campanha que tem caráter local", disse Feldman.

O tom das críticas feitas a Alckmin pelos tucanos pró-Kassab foi reduzido. Depois de o grupo recolher 500 assinaturas dos 1.228 delegados da convenção partidária contra a candidatura tucana, o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, interveio. Guerra pediu ao grupo que "reduzisse a tensão para a retomada do diálogo".

Além das dificuldades dentro do PSDB, a gestão de Alckmin à frente do governo de São Paulo deverá ser atacada por seus opositores. Em pelo menos duas das principais áreas discutidas na sucessão municipal- Transporte e Educação - a gestão apresentou problemas. O PT acusa o tucano de ter sido o governador que menos investiu em metrô. Além disso, existem suspeitas de irregularidades nos contratos do metrô, com a empresa Alstom. Educação também é outro ponto delicado. Foi divulgado nesta semana, pelo governo Serra, um novo indicador de avaliação da qualidade das escolas estaduais, o Índice de Desenvolvimento da Educação de São Paulo, e segundo o índice, que varia de 0 a 10, o ensino médio teve nota 1,41.