Título: Com demanda aquecida, IBS revê índice de expansão
Autor: Góes , Francisco
Fonte: Valor Econômico, 16/05/2008, Empresas, p. B8
Passados os primeiros quatro meses do ano, o Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS) reviu para cima as projeções de crescimento da demanda de aço no mercado doméstico em 2008. O consumo aparente, que inclui vendas internas mais importações, deve atingir 25 milhões de toneladas este ano, com alta de 13,7% sobre o ano passado. No fim de 2007, o instituto previa alta de 9,3% no consumo em 2008. A revisão foi motivada pelo aquecimento da demanda puxada sobretudo pelos setores da construção civil, bens de capital e indústria automotiva.
A demanda interna atingiu níveis recordes e surpreendeu até o IBS. O vice-presidente do instituto, Marco Polo de Mello Lopes, afirma que com previsibilidade nos pedidos por parte dos clientes não há como ocorrer problemas de desabastecimento. O aumento da demanda continuará a fazer, porém, com que o Brasil tenha de comprometer exportações de produtos laminados para atendimento do mercado doméstico. Dados do IBS mostram que as exportações de laminados planos, usados por fabricantes de automóveis, linha branca e máquinas e equipamentos, entre outros, devem totalizar 4,1 milhões de toneladas em 2008, acima de 2007 mas abaixo dos 4,3 milhões de toneladas de 2006.
Ontem Lopes concedeu entrevista coletiva para anunciar que, segundo previsões do IBS, o consumo aparente de aço vai atingir 40 milhões de toneladas em 2015, um crescimento de 60% em relação aos 25 milhões previstos para 2008. No período, a estimativa do instituto, com base em projeções de mercado, é de que a economia brasileira cresça, em média, cerca de 4% ao ano.
O atendimento da demanda interna será assegurado por um programa de investimentos de US$ 32,9 bilhões até 2013, que permitirá ampliar a capacidade instalada do parque siderúrgico nacional dos atuais 41 milhões de toneladas por ano para 63,1 milhões de toneladas anuais.
Lopes disse que a maior parte da capacidade adicional - 15,3 milhões de toneladas - será garantida via expansão das usinas existentes. Ou seja, em projetos da Gerdau, Villares, Barra Mansa, CSN, Usiminas e ArcelorMittal. Quase todo este volume de aço será destinado para mercado interno. Haverá ainda acréscimo de 6,8 milhões de toneladas até 2010, resultante da entrada de novas empresas, entre as quais a CSA, projeto da alemã ThyssenKrupp com a Vale no Rio, mas que é voltado à exportação.
"A siderurgia não tomou a decisão de investir em função da política industrial ou do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento)", disse Lopes. Segundo ele, o plano está em curso desde 2007 e busca garantir aos clientes que o setor estará preparado para atender ao crescimento da demanda em um cenário de aumento dos investimentos produtivos no país. Em 2007, o setor de bens de capital aumentou em 28,7% o consumo aparente, o maior crescimento entre todos os setores consumidores de aço.
Para o IBS, no momento em que o consumo aparente atinja 40 milhões de toneladas por ano, em 2015, o setor terá folga de cerca de 55% em relação à capacidade instalada nas usinas, excedente que poderá ser destinado à exportação. A estimativa é de que, em 2015, o saldo para a exportação seja de 16,9 milhões de toneladas. Para 2008, a previsão do instituto é de que é as exportações somem 11,9 milhões de toneladas, com alta de 15,9% sobre 2007.
Em dezembro de 2007, o instituto previu que as exportações cresceriam 17,9% em volume este ano. Já as importações devem somar 1,8 milhão de toneladas este ano, com alta de 11,5% sobre 2007. A estimativa original no fim do ano era de que elas cairiam 6,1%. O crescimento das compras externas de aço confirma que usinas e distribuidores estão tendo de importar para atender ao aquecimento do mercado doméstico. A avaliação do IBS é de que o consumo per capita de aço, que ainda é baixo no país, da ordem de 129 quilos por habitante ao ano, suba para 213 quilos por habitante em 2015 desde que mantidas as projeções de crescimento populacional do IBGE.