Título: Alckmin rompe isolamento e recebe apoio de PTB e PSDC
Autor: Felício , César
Fonte: Valor Econômico, 20/05/2008, Política, p. A5

José Maria Eymael, Alckmin e Campos Machado (discursando): coligação proporcional ainda ameaça aliança O PTB rompeu o isolamento do ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB) e anunciou ontem seu apoio ao candidato tucano na eleição municipal em São Paulo. O partido indicará o vice na chapa e o presidente municipal do PSDB, José Henrique Reis Lobo, chegou a se antecipar e anunciar que o presidente estadual petebista, o deputado estadual Campos Machado, irá compor a chapa com Alckmin. Na mesma ocasião, o tucano recebeu o apoio do nanico PSDC.

Mas a adesão petebista não eliminou o mal estar entre os dois partidos pela falta de garantia de coligação proporcional. Sem o apoio da bancada dos vereadores tucanos, que preferem a reeleição do prefeito Gilberto Kassab (DEM), Alckmin pôde se comprometer com os petebistas apenas de que se empenhará para que a convenção do PSDB aprove a aliança na eleição legislativa. E embora Campos Machado tenha afirmado ontem que seu apoio a Alckmin ontem era "uma flecha disparada que jamais voltará", outros petebistas deixaram claro que a aliança pode não se concretizar.

"A convenção é que define. Esta questão da eleição proporcional precisa ser superada", comentou o deputado federal Arnaldo Faria de Sá, que era cotado para ser vice de Alckmin, antes da definição tucana por Campos Machado. "Seria insano abrir mão da possibilidade de uma candidatura própria sem a coligação proporcional. Não há nenhum interesse nisso", afirmou Paulo Frange, um dos sete vereadores petebistas.

Cacique absoluto do PTB em São Paulo, Campos Machado decidiu fechar a aliança com Alckmin agora ao perceber que o processo sucessório em São Paulo começava a sair de seu controle. O coordenador político do governo, ministro José Múcio Monteiro, que é petebista, tentava convencer a bancada federal do PTB a abrir negociações para apoiar a candidata do PT à prefeitura, a ministra do Turismo Marta Suplicy. E operadores políticos do DEM e da ala do PSDB vinculada ao governador José Serra pressionavam os petebistas a lançar a candidatura própria de Campos Machado para a prefeitura.

Durante o lançamento, Alckmin lembrou que a parceria entre Campos Machado e o partido é antiga: o petebista foi o seu vice quando Alckmin concorreu a prefeito em 2000 e foi o único partido a se coligar com o PSDB quando o então governador Mário Covas candidatou-se à reeleição em 1998. O PTB apoiou o PSDB ainda em 2006, quando Serra foi eleito governador. Em 1996, Campos Machado foi candidato a prefeito e teve 0,4% dos votos. Falou em "governar juntos, suando a camisa", mas evitou mencionar a falta de coligação proporcional.

Campos Machado procurou enfatizar que estava levando o PTB inteiro para a sua posição. "A lealdade é o caminho do coração de um homem. Palavra dada é palavra empenhada. Não vai haver uma dissidência sequer. No céu há uma só lua, não duas, como diz o poeta", afirmou. Cobrou a coligação proporcional, ao afirmar que o partido contava com o segundo maior número de filiados no município. "Temos um batalhão de candidatos que vai pedir voto para o 45 (número tucano) e não para o 14 (número petebista). Então existir uma recíproca é uma questão de bom senso".

Com o apoio do PTB, Alckmin garante pelo menos três minutos e meio de horário eleitoral por bloco de propaganda na televisão, ante três minutos e 15 segundos de tempo mínimo de Marta, que não fez alianças, e sete minutos e meio de Kassab, que já conta com o apoio do PMDB, do PV e do PR.

O tucano afirmou estar "absolutamente certo" de que terá o apoio de todos os dirigentes do PSDB, inclusive da bancada dos vereadores e do governador José Serra. "Vim conversando com Serra na volta do Rio, quando participamos de um evento na Fundação Roberto Marinho, e já tratamos de temas práticos da campanha", afirmou o ex-governador, referindo-se ao ato que marcou os 30 anos de existência da fundação, há uma semana.

Tanto Alckmin quanto Campos Machado negaram-se a confirmar que a chapa já está definido. Ambos afirmaram que o senador Romeu Tuma e o deputado Arnaldo Faria de Sá ainda podem ser indicados.