Título: Cresce o peso do Brasil nos resultados da ArcelorMittal
Autor: Jorge , Danilo
Fonte: Valor Econômico, 20/05/2008, Empresas, p. B7

O aquecimento da demanda doméstica e a expansão da capacidade de produção fizeram os negócios de aços planos e longos da ArcelorMittal no Brasil aumentar sua participação no resultado global do grupo. O volume de vendas das usinas do país subiu três vezes mais do que o incremento registrado pela multinacional no conjunto de suas operações no primeiro trimestre, enquanto as receitas tiveram elevação duas vezes superior ao índice consolidado. Esse desempenho deu maior peso à área brasileira de produtos planos e longos, que deve reforçar ainda mais a sua posição a partir de investimentos já em curso nas usinas de Tubarão, ex CST, no Espírito Santo, e João Monlevade, em Minas, e na unidade de galvanização Vega do Sul, em Santa Catarina.

"O resultado do primeiro trimestre superou as expectativas, devido à forte demanda dos setores automotivo e de construção civil, que estão se beneficiando muito da expansão do crédito interno", diz José Armando Campos, presidente da área de aços planos da ArcelorMittal na América do Sul e da ArcelorMittal Brasil . As vendas de produtos longos e planos totalizaram 3,04 milhões de toneladas no primeiro trimestre, 24% acima do volume do mesmo período de 2007. A receita líquida aumentou 55%, somando US$ 2,6 bilhões. Nesse ritmo de expansão, superior ao consolidado do grupo e dos negócios de planos e longos em cinco mercados continentais (Américas, Europa, Ásia, África e Comunidade de Estados Independentes), as operações brasileiras ampliaram sua contribuição ao resultado da multinacional.

Nos despachos consolidados de aço, que somou 29,2 milhões de toneladas entre janeiro e março, as usinas brasileiras de planos e longos responderam por 10,4%, ante 9,1% no mesmo período de 2007. Nas receitas, que alcançaram US$ 29,8 bilhões no primeiro trimestre, a participação do Brasil subiu de 7% para 8,9%. A contribuição para a geração de caixa, medida pelo Ebitda, foi ainda mais acentuada - passou de 12,5% para 17,7% dos US$ 5 bilhões apurados pelo grupo siderúrgico.

Sem sinais de arrefecimento na demanda doméstica, a ArcelorMittal Brasil já traçou a sua estratégia para atender os clientes nacionais. A usina de Tubarão, localizada em Serra (ES), vai reduzir as exportações de placas, para ofertar mais produtos laminados no país. Até o final do ano, cerca de 90 mil toneladas deixarão de ser embarcadas para o exterior. "No segmento de aços longos, haverá também redução de exportações em todas as linhas de produtos", diz José Armando.

Na ArcelorMittal Vega, unidade de laminados a frio e aços galvanizados localizada em São Francisco do Sul (SC), a idéia é reduzir as paradas programadas dos equipamentos e aproveitar a otimização da fábrica, inaugurada há poucos anos, que hoje opera acima de sua capacidade nominal de 880 mil toneladas. Segundo José Armando, a Vega está produzindo 970 mil toneladas. Disso, 520 mil de aços galvanizados, destinados, principalmente, à indústria automotiva.

Além do aumento da demanda, contribuiu para impulsionar os negócios de planos e longos da siderúrgica no Brasil a implantação de um terceiro alto-forno em Tubarão, colocado em operação em julho de 2007, elevando a capacidade anual de produção da usina de 5 milhões para 7,5 milhões de toneladas. Novos investimentos em curso, que somam pouco mais de US$ 1,2 bilhão, vão expandir ainda mais a produção no país.

O primeiro projeto a ser concluído é a expansão do laminador de tiras a quente de Tubarão, a ser concluída em fevereiro de 2009, elevando a capacidade anual de 2,8 milhões para 4,0 milhões de toneladas de bobinas. Hoje, opera no máximo, a 2,9 milhões de toneladas. Na Vega, uma segunda linha de galvanizados entra em operação no início de 2010, apta a 400 mil toneladas.

No segmento de longos, a usina de João Monlevade terá sua capacidade de produção de aço bruto dobrada, chegando a 2,4 milhões dentro de dois anos.

Em âmbito mundial, o grupo ArcelorMittal vai investir US$ 7 bilhões até 2012 para agregar à atual capacidade de 110 milhões de toneladas mais 20 milhões de toneladas, das quais seis milhões serão na América Latina. "Temos vários estudos de expansão no Brasil, alguns já bem avançados", afirma José Armando, sem dar mais detalhes da nova onda de crescimento que terá no país.