Título: América do Sul é região mais lucrativa da GM
Autor: Olmos , Marli
Fonte: Valor Econômico, 20/05/2008, Empresas, p. B8

Henderson, da GM: "América do Sul, Ásia e Europa são as regiões mais rentáveis" As operações na América do Sul são hoje as mais lucrativas do mundo para a General Motors, maior fabricante de veículos do planeta. A filial brasileira manda dividendos para a matriz, nos Estados Unidos, desde o ano passado. O lucro acumulado no bloco que inclui os países sul-americanos, somente no primeiro trimestre, de US$ 517 milhões, mostra que o nível de lucratividade na região mais do que dobrou na comparação com o mesmo período de 2007.

A estratégia de toda a indústria automobilística de expandir negócios fora das fronteiras das matrizes é hoje evidente na GM. Metade da receita global da companhia ainda é obtida nos Estados Unidos. Mas no cálculo da quantidade de veículos, os mercados fora da América do Norte já respondem por 64% de todo o volume vendido no mundo.

Alinhado com a estratégia de crescer fora do mercado de origem, o principal executivo da GM, Rick Wagoner, nomeou recentemente Frederick Henderson para ocupar o cargo de presidente mundial das operações da companhia. Até então, Wagoner acumulava essa função com a de presidente do conselho.

Wagoner continua dando as ordens. Mas quem vai cuidar das operações em cada parte do planeta, incluindo os projetos de investimentos decisivos para que a GM consiga enfrentar a concorrência da Toyota, é Henderson, ou Fritz, como é chamado na companhia. Esse executivo conhece bem os mercados da América do Sul, Ásia e Europa. Passou por cargos de comando nas três regiões.

Henderson está no Brasil pela primeira vez no novo cargo. E aparentemente entusiasmado em reviver a operação da qual ele foi presidente entre 1997 e 2000. Naquela época Henderson aprendeu a falar português e faz questão de utilizar o idioma nas conversas e entrevistas na visita que decidiu fazer para comemorar hoje os 10 anos da fábrica de Gravataí (RS), de onde já saíram um milhão de unidades do Corsa, o carro mais barato que a GM faz no Brasil.

Fabricar carros baratos será para a GM um desafio tão imprescindível quanto para qualquer outra montadora. Henderson admite que a GM ainda não tem um modelo tão barato quanto o Nano, lançado pela indiana Tata Motors ao preço de US$ 2,5 mil. Mas diz que o foco nos veículos menores é uma preocupação na empresa, incluindo o mercado americano, famoso pelos carrões. Henderson diz que a matriz tem se dedicado ao Malibu, sedã ligeiramente menor que o Omega - grande para os padrões brasileiros, mas menor que as picapes que o consumidor americano estava acostumado a comprar antes da crise do petróleo.

Segundo Henderson, América do Sul, Ásia e Europa são, nessa ordem, as regiões mais rentáveis para a GM hoje. Mas, diz, fazer sucesso nos países emergentes não significa descuidar da matriz. "Não se trata de fazer uma coisa ou outra." A crise no setor imobiliário nos Estados Unidos afetou as vendas de carros. Mas Henderson prevê melhoras para o segundo semestre.

Antes de assumir a nova função, Henderson era o chefe mundial das finanças, cargo agora ocupado por Ray Young, presidente da GM do Brasil e Mercosul até o terceiro trimestre do ano passado. É sobre a mesa de Young que está um pedido de investimentos adicionais de US$ 500 milhões para ampliar a capacidade de produção no Brasil. Foi o próprio Young quem, ainda como presidente da filial brasileira, há cerca de um ano, alertou para a necessidade de aprovação desses recursos. Ironicamente, ele é quem vai decidir se vale a pena liberar esse reforço num momento em que a filial brasileira começou a enviar dividendos. Henderson dá uma dica: "É mais fácil decidir sobre investimentos para regiões que conhecemos."