Título: Subsecretário dos EUA acena com redução de subsídios
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 21/05/2008, Brasil, p. A3
Os preços excepcionais para os produtos agrícolas nos mercados internacionais podem permitir maior redução nos subsídios agrícolas nos Estados Unidos e facilitar um acordo na chamada Rodada Doha, da Organização Mundial do Comércio (OMC), argumentou o subsecretário para Agricultura dos Estados Unidos, Mark Keenum, em entrevista ao Valor. Ele garantiu que ainda há chances de concessões americanas nas discussões sobre cortes de subsídios e tarifas agrícolas, embora a Lei Agrícola aprovada pelo Congresso americano, neste mês, aumente subsídios e proteção aos agricultores dos EUA.
O presidente George W. Bush vetará a nova lei, mas há votos suficientes no Congresso para derrubar o veto, admite Keenum. "A nova Lei Agrícola realmente manda um sinal ambíguo deixa dúvidas se o Congresso realmente está disposto (a aceitar um acordo na OMC)", reconheceu Keenum, que insiste ser "crucial" para os interesses dos Estados Unidos um acordo bem sucedido na Rodada Doha. Ele afirma até que os subsídios necessários para manter o apoio aos agricultores poderiam chegar próximo ao limite mínimo que vem sendo proposto nas discussões da OMC, de US$ 13 bilhões.
"Estamos hoje substancialmente abaixo dos US$ 13 bilhões", comentou, lembrando que boa parte dos subsídios contestados na OMC é vinculada aos preços das commodities. Não há clareza, porém, se, no futuro serão necessários US$ 13 bilhões, US$ 14 bilhões ou US$ 15 bilhões, acrescentou. O governo dos EUA tem certeza de que, embora se prevejam quedas nos preços atuais, influenciados por fatores como grandes secas em países produtores, os preços agrícolas devem se estabilizar em patamares acima da média dos últimos dez anos. O aumento nos preços será um argumento forte no momento de negociar a aprovação de uma acordo na OMC no Congresso, diz.
"Aumentamos subsídios nessa lei mas isso não significa que o Congresso não possa reduzir", insiste o subsecretário americano. "Tenha em mente que é um ano eleitoral nos Estados Unidos e o projeto de lei agrícola (Farm Bill) é muito popular entre membros do Congresso", comenta, lembrando que a lei inclui também medidas de ajuda alimentar, fundos para pesquisa e promoção comercial. Ele garante que o governo trabalhará com os lobbies agrícolas para convencer o Congresso de que o acordo a ser assinado também beneficiará o setor, com a abertura de mercados. "A lei agrícola foi aprovada antes que tivéssemos um acordo de Doha", argumenta, indicando que a existência de um acordo poderia mudar o clima entre os lobbies e o Congresso. (SL)