Título: Carlos Minc escolhe diretor do Ibama para presidi-lo
Autor: Leo , Sergio
Fonte: Valor Econômico, 21/05/2008, Política, p. A7

Depois de confirmado o aval do Planalto para nomear seus subordinados, o novo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, apressou-se a anunciar suas escolhas para os dois principais cargos de sua Pasta e buscou os indicados nos quadros do Instituto Brasileiro dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Promoveu a presidente do órgão o geógrafo Roberto Messias, atual diretor de Licenciamento Ambiental, e designou para secretária-executiva sua atual subsecretária de Política e Ambiente do Estado do Rio, Izabela Teixeira, também funcionária de carreira do Ibama.

Minc disse que pretende aproveitar o conhecimento de Izabela, que acaba de concluir tese de doutorado sobre petróleo e meio ambiente, em Brasília. Por nota da secretaria estadual anunciou a escolha de Messias, que foi secretário do Meio Ambiente de Minas Gerais no primeiro mandato do governador Aécio Neves. Minc divulgou ter fixado prazo de um mês para o novo presidente do Ibama decidir procedimentos que reduzam prazos e burocracia e garantam proteção ao meio ambiente na concessão de licenças ambientais no país.

Algumas das declarações de Minc, antes mesmo de ser confirmado no cargo, provocaram mal-estar entre os futuros companheiros de ministério. Minc teve vetada sua idéia de designar o Exército para proteger a Amazônia, proposta anunciada sem consulta ao ministro da Defesa, Nélson Jobim. Sua reivindicação de participar da gestão da política industrial, sob a acusação de que o ministério do Meio Ambiente foi excluído da discussão do tema foi criticada no ministério do Desenvolvimento, onde a discussão da nova política teve participação de representantes designados pela então ministra Marina Silva.

"A participação do Ministério do Meio Ambiente na gestão da política é positiva, mas seremos minimamente performáticos na questão do desenvolvimento produtivo; vamos trabalhar sem fazer performance", declarou o ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, que coordenou a discussão da nova política industrial, numa referência irônica às declarações de Minc de que é um secretário "performático" e continuará "performático". "Não vamos fazer happening na questão do desenvolvimento produtivo; temos de trabalhar sem aparecer muito, mas com resultados".

Jorge afirmou que "não faz sentido" afirmar que não houve preocupação com a política ambiental, na definição dos novos incentivos á indústria. "O BNDES já faz isso, leva em conta a questão ambiental, e a social".