Título: País é prioridade mundial para a Visa
Autor: Júnior , Altamiro Silva
Fonte: Valor Econômico, 21/05/2008, Finanças, p. C10
Rubén Osta, novo diretor geral da Visa: "Nosso objetivo é crescer no país" O Brasil foi escolhido como uma das dez prioridades mundiais da Visa, maior bandeira de cartões de crédito do mundo. O seleto grupo inclui países como China, Rússia e Índia e é onde se concentra a principal aposta da bandeira. Para o mercado brasileiro, a Visa vai apostar nos clientes de altíssimo poder aquisitivo e na baixa renda. Outra aposta é no futebol. A idéia, além de patrocinar torneios, é transformar o cartão de crédito em ingresso para a entrada nos estádios, como o Maracanã, que acaba de fechar contrato com a empresa.
A Visa apresentou ontem seu novo diretor geral para o Brasil, o executivo Rubén Osta. Com 25 anos no mercado de cartões, vindo do Citibank, e com passagem pela presidência da Visanet e Redecard - empresas que filiam estabelecimentos comerciais para a Visa e Mastercard, respectivamente -, o executivo acha que o mercado brasileiro de cartões ainda tem muito espaço para se expandir.
Como exemplo, ele cita os cartões de débito. Muitas pessoas de menor renda recebem o plástico logo que abrem conta em algum banco. O cartão, porém, acaba sendo usado só para sacar dinheiro em caixas eletrônicos. Por isso, uma das estratégias da bandeira é fazer promoções para incentivar o uso do cartão de débito com meio de pagamento. "O mais difícil é fazer a pessoa usar pela primeira vez."
Na alta renda, serão oferecidos serviços diferenciados, como shows exclusivos para os portadores do cartão. Nestes concertos não há venda de ingresso e o cliente é convidado pela bandeira.
Para o varejo, a bandeira pretende buscar lojas interessadas em transformar seus cartões próprios (chamados no mercado de "private label") em cartões com bandeira. A Visa já fez esse movimento com grandes redes, como o Carrefour, e agora pretende também buscar redes regionais, fora do eixo Rio/São Paulo. "Independente de sermos o líder no Brasil, nosso objetivo é crescer."
No futebol, a bandeira patrocina a Copa Santander Libertadores e a Copa do Brasil. Em abril de 2007, a Visa começou a testar no estádio do Figueirense, em Florianópolis, um sistema de compra de ingresso pela internet para as partidas. O usuário se cadastra na internet (www.futebolcard.com.br) e informa qual jogo quer ver. Na hora da partida, passa o cartão na catraca e ela emite um recibo com o local e setor.
O projeto deu certo, chegou ao Parque Antártica, em São Paulo, e agora está sendo implantado no Rio. A Visa fechou contrato com o estádio João Havelange (conhecido como Engenhão), arrendado pelo Botafogo. Além disso, acaba de acertar os detalhes para implantar o mesmo sistema no Maracanã.
Segundo Osta, mais um estádio deve aderir e em breve serão cinco locais com esta tecnologia. Criada e desenvolvida no Brasil, será exportada para outros países. O produto recebeu o nome de Visa Pass First. Ainda no Futebol, a Visa tem o patrocínio da Copa do Mundo de 2010 e 2014 e das Olimpíadas da China, este ano, e de Londres, em 2012.
Em 2007, os 1,6 bilhão de cartões da bandeira espalhados pelo mundo movimentaram US$ 3,8 trilhões em 29 milhões de estabelecimentos comerciais cadastrados, além de 1,2 milhão de caixas automáticos. Foram 50 bilhões de transações.
A bandeira passa desde 2007 por um processo de reestruturação global. As seis unidades regionais, que inclui a Visa América Latina, foram agrupadas em uma única empresa, a Visa Inc. De uma estrutura fragmentada, a empresa passou a ter administração única, estratégia global e sede na Califórnia (EUA).
A Visa Inc. movimentou US$ 17,9 bilhões em sua abertura de capital, em março, a maior já feita nos Estados Unidos e a segunda maior do mundo, atrás apenas do Banco da China (US$ 21,9 bilhões). Este ano, quem pode abrir o capital é a Visanet. Osta foi um dos criadores da empresa, que já cadastrou 1,2 milhão de estabelecimentos para os cartões Visa.
Com capital aberto, a Visa deixou de divulgar uma série de números e informações sobre o Brasil. Só informa dados regionais. No ano passado, as operações na América Latina cresceram 28% e movimentaram US$ 485 bilhões.