Título: Aos 20 anos, Fórum Nacional terá Lula na abertura e debate sobre amor no fim
Autor: Santos , Chico
Fonte: Valor Econômico, 23/05/2008, Brasil, p. A2

"A política monetária para produzir efeitos tem de ser usada em doses cavalares. Ela tem de ser usada em conjunto com a política fiscal, que é mais poderosa para o combate à inflação." O trecho acima resume o que o ex-ministro do Planejamento (governos Médici e Geisel, anos 1970) João Paulo dos Reis Velloso pensa da estratégia que o governo brasileiro está colocando em prática para combater o atual surto inflacionário.

Hoje dedicado a estudar e a coordenar estudos sobre os rumos da economia e da sociedade brasileiras, no comando do Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae), Velloso analisa a política antiinflacionária do país em meio aos preparativos para a 20ª edição do Fórum Nacional, desaguadouro anual do trabalho do Inae, focando este ano "Brasil - Um novo mundo nos trópicos: 200 anos de independência econômica e 20 anos de Fórum Nacional (sob o signo da incerteza)".

No debate inflacionário, o ex-ministro faz coro com as vozes que pregam a redução das despesas de custeio do governo. "Se você reduz as despesas de consumo do governo, reduz a demanda do Estado e ajuda a combater a inflação, até porque a demanda do governo não é por bens comercializáveis (externamente)", argumenta. Já a demanda privada, sendo por bens comercializáveis, teria o poder de recompor o preço do dólar sobre o real, evitando a deterioração das contas externas.

A estratégia de combate à inflação certamente vai predominar nos debates do 2º painel do Fórum Nacional que será aberto na manhã de segunda-feira, 26, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e será encerrado na sexta-feira, dia 30, com um debate sobre o inusitado tema "O Amor em Tempos de Desamor". Velloso chamou especialistas em amor romântico, amor à pátria, amor-amizade e amor universal para discutir um tema que ele considera premente, dado o ambiente fratricida espalhado pelo mundo, do qual a tragédia iraquiana é o maior exemplo. O ministro da Cultura, Gilberto Gil, abre a sessão.

Na abertura, após Lula dizer "Para onde vai o Brasil", o economista americano Edmund Phelps, Prêmio Nobel de Economia de 2006 e principal astro convidado para o evento, expõe a sua visão sobre o desenvolvimento brasileiro. No 1º painel, já na terça-feira, o economista Roberto Cavalcanti de Albuquerque lança o Índice de Desenvolvimento Social (IDS), com 14 variáveis e que, segundo o ex-ministro, será um instrumento mais abrangente do que o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), das Nações Unidas, para análise da situação social brasileira.

A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, batizada pelo presidente Lula de a "mãe do PAC", o Programa de Aceleração do Crescimento do governo, e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, abrem o painel que vai discutir a situação macroeconômica e a modernização da infra-estrutura, debatendo com nomes como o ex-ministro (Fazenda, Planejamento e Agricultura) Antonio Delfim Netto, o ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore e o economista Raul Velloso, especialista em contas públicas. Na seqüência o Fórum ainda discute as empresas globais brasileiras, o tema da inovação e os rumos das grandes cidades do país.