Título: BNDES e Dasa captam US$ 1,25 bilhão
Autor: Lucchesi , Cristiane Perini
Fonte: Valor Econômico, 23/05/2008, Finanças, p. C3

Aproveitando a queda nos prêmios de risco do Brasil após a obtenção do grau de investimento, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) resolveu voltar ao mercado externo de renda fixa pela primeira vez no governo Lula. Prepara a emissão de US$ 1 bilhão em eurobônus de vencimento em 10 anos. A Dasa (Diagnósticos da América) acaba de captar US$ 250 milhões, também em papéis de 10 anos, com rendimento de 9% ao ano.

Segundo levantamento do Valor Data, com a operação da Dasa já foram captados US$ 2,1 bilhões em operações de mercado (bônus e empréstimos sindicalizados, com a participação de vários bancos) após a obtenção do grau de investimento pela Standard & Poor's, no dia 30 de abril.

O BNDES está começando a visita aos investidores para a venda de seus papéis, sob a liderança do Citigroup e do Morgan Stanley e com a participação do Bradesco Banco de Investimento (BBI) e da BB Securities, corretora do Banco do Brasil. Os recursos serão usados para rolar dívida de US$ 1 bilhão, de juros flutuantes, emitida em 1998 e que vence no dia 17 de junho próximo.

Como a demanda por crédito no Brasil está a todo vapor, o BNDES precisa manter o US$ 1 bilhão em caixa para emprestar às empresas brasileiras. A idéia é garantir sua meta de orçamento de R$ 80 bilhões para este ano para financiar projetos de investimento. Até agora o banco ainda não dispõe da totalidade deste valor para projetos, por isso pode vir a realizar novas emissões externas, dependendo do resultado dessa operação atual, segundo apurou o Valor.

A emissão recebeu a nota "Baa3" pela Moody's, o primeiro degrau do grau de investimento e um degrau acima da nota do governo federal do Brasil, que é "Ba1", ainda investimento especulativo. A Standard & Poor's concedeu à emissão do BNDES nota igual à do governo federal, "BBB-", a primeira do grau de investimento. A emissão está sendo feita pela National Development Company, uma subsidiária do BNDES, que vai receber os recursos e aplicá-los em títulos do Tesouro americano até entregá-los aos investidores das notas que estão vencendo no próximo dia 17.

Na avaliação de interlocutores do BNDES, o pior da crise financeira internacional já passou. Segundo o Valor Data, o último lançamento de bônus do BNDES no exterior havia sido feito em dezembro de 2001, no total de US$ 750 milhões. Eram bônus samurais, em ienes e no mercado japonês. Naquele ano, o então diretor financeiro do BNDES, Isac Zagury, esteve à frente de outras duas emissões, ambas em junho: uma de US$ 300 milhões de papéis conversíveis em ações da Embraer e outra de US$ 300 milhões em títulos com seguro de risco-político. O comando do banco, à época, estava nas mãos de Francisco Gros. Em 2002, o BNDES só captou recursos externos via agências multilaterais e de crédito à exportação, por conta da desconfiança do mercado em relação à eleição do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Após a eleição presidencial de 2002, com a vitória de Lula, o economista Carlos Lessa assumiu a presidência do BNDES e congelou as operações de captação externa do banco. Demian Fiocca, seu sucessor, também não fez este tipo de operação. O banco retoma o mercado externo sob o comando de Luciano Coutinho.

Já a Dasa informou que pretende usar os US$ 250 milhões obtidos no exterior, que entram no caixa da empresa no dia 29, para "financiamento da expansão da empresa nos próximos anos, o que inclui futuras aquisições e a abertura de novas unidades". A companhia pretende inaugurar 20 novas unidades de diagnósticos médicos neste ano, o que deve consumir investimentos de R$ 110 milhões.