Título: Mantega diz que juros já afetam ritmo de atividade
Autor: Ribeiro , Bianca
Fonte: Valor Econômico, 27/05/2008, Brasil, p. A3

Embora considere o ritmo de crescimento da economia brasileira neste ano "satisfatório", o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ontem a empresários, em São Paulo, que a expansão vista até agora está passando por um "ajuste sazonal de desaceleração".

De acordo com ele, ainda assim o governo conta com um crescimento em torno de 5% para o Produto Interno Bruto (PIB) este ano. Mesmo com os dados mostrando um arrefecimento do ritmo da atividade nos primeiros meses do ano, Mantega acredita que haverá uma "reaceleração" a partir do meio do ano.

Segundo o ministro, entre as razões para a perda de fôlego da atividade está o aumento dos juros de longo prazo negociados no mercado futuro, que estão acima de 14% ao ano, gerado pela crise global de crédito. Citou ainda a inflação mundial e a elevação da taxa Selic. "Mas o crescimento econômico é qualificado e vem sendo impulsionado pelo mercado interno."

Mantega voltou a dizer que, embora a inflação preocupe, ela não vai sair de controle. "Estamos cumprindo a meta de inflação desde 2005, usando ou não a margem de tolerância. E, se precisar, a margem será usada neste ano.". Segundo o ministro da Fazenda, a inflação mundial "nos atinge também, mas menos do que a outros países". O centro da meta para o IPCA de 2008 é de 4,5%, com intervalo de segurança de 2 pontos percentuais. Ou seja, o teto para o índice de preços é de 6,5%.

Segundo o ministro, a alta do IPCA, que atinge 5,04% nos 12 meses encerrados em abril, é pressionada principalmente pelos alimentos. Ele avalia ser possível uma reversão no preço de alguns produtos agrícolas, devido à entrada de novas safras, mas ainda assim os preços não cairiam muito de patamar, por causa da especulação financeira.. Nesse quesito, o ministro mencionou as cotações do petróleo, que pressionam o setor agrícola, devido à alta de preços dos fertilizantes e insumos.

Mantega lembrou que as commodities metálicas também estão em alta e têm impacto nos custos da infra-estrutura e de bens duráveis, casos de materiais de construção e veículos. Para controlar a tendência ascendente da inflação, o ministro falou que o governo já vem tomando medidas e mencionou entre elas a desoneração da Cide incidente sobre combustíveis - que evitou o repasse do aumento da gasolina - e a suspensão temporária do imposto de importação do trigo.