Título: Gestores serão exonerados
Autor: Bonfanti, Cristiane
Fonte: Correio Braziliense, 19/02/2011, Economia, p. 20

Após desligar o coordenador-geral de Recursos de Logística, Negromonte deve afastar mais dois por irregularidades Depois de se eximir de oferecer uma solução para os 247 terceirizados do Ministério das Cidades que estão há 14 dias sem salário, tíquete-alimentação e vale-transporte, o chefe da Pasta, Mário Negromonte, finalmente resolveu punir os gestores. A exoneração do coordenador-geral de Recursos e Logística do Ministério, Renato Stoppa, publicada ontem no Diário Oficial da União, apenas confirma o início de uma série de cortes que serão feitos por conta do descaso com os trabalhadores. Após as denúncias publicadas pelo Correio, os próximos da lista devem ser José Maria Martins, gestor do contrato com a empresa terceirizada Orion, e Wilson Felicíssimo de Lima, até anteontem assessor direto de Stoppa.

¿Estamos todos comemorando a exoneração do coordenador. Agora, esperamos o efeito dominó aqui, para ver o que muda na nossa situação¿, disse um funcionário. Quem entrou no lugar de Stoppa foi Rodrigo Pinto de Almeida, comissionado da Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e Administração da Secretaria Executiva do Ministério. Ontem mesmo Almeida recebeu um grupo de terceirizados, mas não apresentou uma posição concreta sobre o pagamento dos benefícios trabalhistas. Para o Correio, já no primeiro dia no cargo, ele informou que estava com a agenda cheia e se recusou a dar entrevista.

Problemas Almeida terá de enfrentar outro desafio. A denúncia, agora, é que, além de não receber os benefícios, há trabalhadores desviados de funções dentro do órgão. ¿O contrato foi para assistente operacional e técnico, mas há pessoas nas funções de secretário, advogado, jornalista e na área de suporte de tecnologia. Esses postos exigem salários maiores do que os pagos pela firma¿, disse um trabalhador.

Além disso, há 23 empregados da Orion que foram cedidos para o Ministério das Cidades para cobrir férias e atestados médicos e estão em uma saia justa. Como eles não fazem parte da folha de pagamento do ministério, temem não receber os valores quando os outros empregados foram pagos. ¿Tentamos contato com a firma para ver a situação desses funcionários, mas não conseguimos resposta¿, disse Antônio de Pádua Lemos, diretor de política sindical do Sindiserviços, que representa a categoria.

Diante da sequência de irregularidades, os terceirizados da Orion estão em greve desde segunda-feira. Mas o problema não é só com eles. Com quatro dias de atraso, a empresa Ebras pagou apenas ontem o vale-transporte dos terceirizados da limpeza. O auxílio-refeição, que deveria ter sido depositado dia 16, ainda não foi repassado. ¿Entramos em contato e a promessa é de que o benefício saia na segunda-feira¿, relatou Lemos.

O Correio apurou que o Ministério das Cidades reconhece a possibilidade de abrir um contrato emergencial para que uma firma assuma os compromissos dos terceirizados da Orion, caso as remanescentes da licitação não aceitem o contrato nas condições atuais. ¿É mais provável que seja feito um novo processo, pois nenhuma outra colocada na licitação vai se submeter às mesmas condições¿, disse um técnico. A segunda colocada, a Agroservice já se negou a substituir a Orion. A próxima da lista, que seria a Plansul Planejamento e Consultoria, ainda não deu uma resposta.

Barulho no governo » As reivindicações dos aprovados em concursos públicos para a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e para a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), após o corte de R$ 50 bilhões no Orçamento da União, estão causando barulho no governo. Ontem, foi a vez do senador Itamar Franco (PPS-MG) apelar para que o governo autorize a contratação de todos os aprovados nesses certames. Na Aneel, após receber em setembro uma convocação para começar o curso de formação, com nomeação prevista para 17 de janeiro, candidatos ao posto de especialista pediram demissão de seus empregos e vieram para Brasília. Até hoje, porém, não começaram a trabalhar. Na Anatel, concorrentes aguardam uma segunda convocação do certame realizado em 2008, cuja validade, já contando com a prorrogação, expira em 31 de julho próximo.