Título: Petrobras estuda licitação para plataforma de produção
Autor: Góes, Francisco;Rafael Rosas*
Fonte: Valor Econômico, 27/05/2008, Empresas, p. B6

Estrella, diretor da Petrobras: disse que a Bergesen Worlwide ganhou concorrência para um navio-plataforma para Tupi A diretoria da Petrobras vai analisar no início de agosto a contratação do primeiro pacote de plataformas de produção para o pólo do pré-sal, na Bacia de Santos, que inclui reservatórios como Tupi, Júpiter, Carioca e Bem-te-vi. A empresa ainda trabalha para definir o número de plataformas de produção que serão necessárias até 2015, como já fez com as unidades de perfuração que irá precisar nos próximos anos. Ontem, em um grande evento em Niterói (RJ), com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a estatal anunciou que pretende contratar 40 navios-sonda e plataformas de perfuração semi-submersíveis até 2017.

A empresa não informou qual o valor do pacote de sondas de perfuração, mas o investimento total poderia chegar a US$ 28 bilhões considerando-se um preço médio atual por unidade da ordem de US$ 700 milhões. Uma primeira licitação internacional para contratação de uma ou mais plataformas de perfuração já foi lançada. O presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, disse que a contratação de navios-sondas e de plataformas de perfuração no Brasil depende da análise da capacidade do mercado brasileiro de atender a demanda.

"Em função da resposta do mercado interno (dos estaleiros nacionais), vamos ajustar a contratação externa", disse Gabrielli. Ele salientou que a obrigação de cumprir o programa exploratório mínimo acertado com a Agência Nacional do Petróleo (ANP) está levando a empresa a deslocar as sondas com capacidade de perfurar em águas profundas de uma área para outra sem fazer os testes de produção nos reservatórios. Uma consequência disto é que não há estimativa de reservas da maioria dos poços perfurados depois de Tupi. É o caso dos campos Júpiter e Carioca, onde a empresa não conseguirá cumprir a previsão de ter, até o fim deste mês, uma estimativa das reservas, disse Guilherme Estrella, diretor de exploração e produção da Petrobras.

Estrella afirmou que a norueguesa Bergesen Worlwide (BW) ganhou concorrência para instalar um navio-plataforma com capacidade de produzir de 10 mil a 20 mil barris/dia que fará os testes de longa duração em Tupi. Outra concorrência está em andamento para construção de um navio-plataforma para produzir 100 mil barris/dia em Tupi, a partir do fim de 2010, dentro de um projeto-piloto de produção. A entrega das propostas será em agosto.

José Antonio de Figueiredo, gerente-executivo de exploração e produção para as regiões Sul e Sudeste, disse que a idéia é padronizar os projetos de plataformas para o pré-sal com o objetivo de facilitar a construção até 2015. O plano da empresa é utilizar a infra-estrutura que existe hoje no mercado para construir estas plataformas. "Até 2015 vamos desenvolver o pólo do pré-sal com soluções mais convencionais, como FPSOs (navios-plataforma) e árvore de natal molhada (conjunto de válvulas que regula a produção em poços submarinos)", disse Figueiredo. A partir de 2015, deverá implementar soluções diferenciadas no modelo de plataformas offshore.

No evento, a Petrobras também confirmou que pretende encomendar 146 navios de apoio às plataformas de produção ao custo estimado de US$ 5 bilhões até 2014. Uma primeira licitação já está em andamento e prevê a contratação de 24 embarcações offshore. Em seis anos, serão realizadas sete licitações. A Transpetro, subsidiária de logística da Petrobras, também lançou ontem a segunda etapa do Programa de Modernização da Frota de Petroleiros que prevê a contratação de 23 navios de grande e médio porte.

A primeira fase incluiu a contratação de 26 petroleiros por um custo estimado de US$ 2,5 bilhões. Paulo Roberto Costa, diretor de Abastecimento da Petrobras, afirmou que a empresa planeja ainda encomendar outros 19 navios por meio de contratos de afretamento de longo prazo, de até 15 anos, para operação tanto na navegação de cabotagem quanto no longo curso. Costa acrescentou que Petrobras está em fase final de negociação para alugar dois superpetroleiros, conhecidos como VLCC (Very Large Crude Carrier), a serem construídos no Brasil.

Ontem a estatal informou que faz parte de um consórcio que descobriu "diversos reservatórios" de petróleo em águas ultraprofundas do golfo do México. A descoberta foi feita no poço Stones nº 3 no bloco 508 do Quadrante Walker Ridge. A área é operada pela Shell (35%), que tem como sócios a americana Marathon e Petrobras America Inc. com 25% cada, e a italiana Eni, com 15%. Não foi divulgada a avaliação de reservas da área. (*Do Valor Online, colaborou Cláudia Schüffner)