Título: Bunge Fertilizantes confirma investimentos
Autor: Lopes , Fernando
Fonte: Valor Econômico, 27/05/2008, Agronegócios, p. B11

Mário Barbosa, presidente da Bunge Fertilizantes: aportes diretos e indiretos A Bunge Fertilizantes confirmou ontem, em evento comemorativo a seus 70 anos, que está envolvida, direta ou indiretamente, em investimentos de R$ 3,2 bilhões para a expansão da produção de matérias-primas para adubos no país nos próximos anos.

São quatro projetos, já anunciados ou em avaliação há pelo menos alguns meses, que ganham relevância em um momento de oferta global do insumo escassa e forte aumento de preços nos mercados internacional e doméstico.

O mais importante deles é da Fosfertil, controlada pela holding Fertifos, que tem na Bunge Fertilzantes sua maior acionista. Como informou o Valor em 13 de maio, a empresa deverá aportar R$ 2 bilhões na mina de Salitre, em Patrocínio (MG), que terá capacidade para produzir 2 milhões de toneladas de rocha fosfática por ano.

Segundo Mário Barbosa, presidente da Bunge Fertilizantes, o projeto deverá entrar em operação em 2011. É mais uma comprovação de que, entre as principais fontes de nutrientes para a produção de fertilizantes (nitrogênio, potássio e fósforo), as possibilidades naturais brasileiras estão mesmo nos fosfatados.

Barbosa também lembrou que a Fosfertil já tem em curso um aporte de cerca de R$ 300 milhões nas expansões de seu complexo de Uberaba (MG) e das minas de Tapira (MG) e Catalão (GO). As ampliações deverão ser concluídas em 2010, com capacidade adicional de rocha fosfática de 340 mil toneladas.

Outro projeto que voltou à tona nas comemorações de ontem foi a joint venture formada por Bunge Fertilizantes e Yara para a exploração de uma jazida de fosfato em Anitápolis (SC). O protocolo de intenções foi assinado com o governo do Estado em 1º de abril, e os trabalhos deverão absorver R$ 565 milhões. A produção deverá começar em 2011.

Curiosamente, as multinacionais Bunge (EUA) e Yara (Noruega), parceiras em Anitápolis, são concorrentes nas vendas de produtos acabados, com larga vantagem para a Bunge, e sócias na holding Fertifos. Nesta sociedade - que também inclui a americana Mosaic -, a Yara se opõe ao plano de incorporação da Bunge Fertilizantes pela Fosfertil, paralisado graças à divergências na Justiça.

O quarto e último projeto confirmado ontem pela Bunge refere-se à abertura de uma nova mina de fósforo em Araxá (MG), com capacidade anual para 820 mil toneladas de rocha fosfática por ano. Estão previstos investimentos de R$ 320 milhões, e o projeto deverá estar concluído em 2009.

Diante do atual ritmo de aumento da demanda por fertilizantes no Brasil, que bateu recorde histórico em 2007 e permaneceu aquecida no primeiro quadrimestre deste ano, os investimentos anunciados são até tímidos. Mas, segundo especialistas e executivos do segmento, não deixam de ser um alento, até porque as importações representam entre 65% e 70% do consumo interno do insumo.

E, a partir do cenário global traçado por Michael Prud'homme, secretário-executivo de produção e comércio internacional da Associação Internacional da Indústria de Fertilizantes (IFA), é um alento que deveria ser seguido, porque até 2012 não há muitos sinais de que a atual situação do mercado global deva mudar.

Em palestra no evento da Bunge, Prud'homme previu que, de maneira geral, a oferta mundial seguirá justa até que projetos em ampliações tocados em diversos países entrem em operação. Antes de 2012, exceto em caso de algumas matérias-primas, o aperto tende a continuar.