Título: Financiamento no cartão cresce 50%
Autor: Júnior , Altamiro Silva
Fonte: Valor Econômico, 27/05/2008, Finanças, p. C5
O cartão de crédito vem sendo cada vez mais usado como forma de financiar o consumo das pessoas físicas. O saldo total das compras financiadas com cartão bateu em R$ 53 bilhões em março, expansão de 50% em relação ao mesmo mês de 2007, segundo dados do Banco Central e da Associação Brasileira das Empresas de Cartão de Crédito e Serviços (Abecs) divulgados ontem.
A forma preferida de financiamento é o parcelado sem juros, que respondeu em março por 65% de tudo o que é financiado por meio de cartões - sete pontos percentuais a mais que em igual mês de 2007. No parcelado sem juros, a loja dá o crédito e o banco assume o risco da operação. Em alguns casos, há parcelas de 12 vezes, mas a média é de três meses. Neste caso, a loja também recebe do banco o valor do bem em parcelas. Por mais que se diga que parcelamento seja sem juros, o preço do produto já embute os custos da operação.
As outras duas modalidades de financiamento são o parcelamento do total da fatura (o chamado crédito rotativo) e a compra parcelada com juros. Ambas estão em queda. A fatia delas no total de financiamento com cartão baixou de 42% para 35% no mesmo período de comparação. Nos dois casos, todo o risco da operação fica com o banco.
Mesmo com o crescente uso do cartão para financiar o consumo, a avaliação dos executivos da Abecs é que as pessoas não estão se endividando mais por causa do cartão de crédito. "Pode haver um caso ou outro, mas os números agregados do mercado brasileiro mostram que não há esse endividamento. O cartão não é o vilão", afirma Marcelo Noronha, diretor de comunicação da Abecs.
A participação do financiamento no cartão em relação ao crédito concedido às pessoas físicas tem ficado estável, segundo um novo levantamento preparado pela Abecs. Em março, o saldo de R$ 53 bilhões de compras financiados pelo plástico representaram 15,8% do que foi concedido de crédito às pessoas físicas. Nos meses anteriores, este número tem oscilado ao redor dos 15%. "O crédito no cartão cresce em termos absolutos, mas outras modalidades de financiamento crescem na mesma velocidade." Com isso, a participação relativa não oscila muito.
Apesar do forte aumento das compras parceladas no cartão, as taxas de inadimplência têm recuado. Baixaram de 9,2% em março do ano passado para 8,5% este ano, considerando os atrasos com mais de 90 dias. Mesmo com a redução, o número é considerado elevado pela Abecs.
Os cartões ainda tem juros muito altos. As taxas mensais, dependendo do cliente e da modalidade de financiamento, podem chegar a 16% (no caso do rotativo). Em média, as maiores taxas estão em 13%. Já as menores, podem ficar na casa dos 2,2% (rotativo) ou 3,8% (no parcelado com juros).
Esta foi a primeira vez que a Abecs fez um levantamento das taxas de juros do setor, após coletar os números em vários bancos membros da associação. Normalmente, as taxas menores ficam com quem recebe salário no banco e tem um longo período de relacionamento.
No final de abril, eram 456 milhões de cartões em circulação (crédito, débito e de loja). Eles movimentaram R$ 29,1 bilhões, alta de 24%. Ao todo, foram 465 milhões de transações.