Título: Valor exportado de manufaturados cresce apenas 0,9% nos últimos 12 meses
Autor: Landim , Raquel
Fonte: Valor Econômico, 28/05/2008, Brasil, p. A2

A quantidade de manufaturados exportada pelo Brasil está praticamente estagnada. No acumulado de 12 meses até abril, o volume de produtos industrializados embarcados ao exterior pelas empresas nacionais cresceu apenas 0,9%, de acordo com dados divulgados ontem pela Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex).

Com peso expressivo na pauta de exportação do país, os produtos manufaturados contribuem para o fraco desempenho das vendas externas totais, que vêm sendo sustentadas pela evolução dos preços. Nos 12 meses até abril, o volume exportado pelo Brasil subiu 0,9%, e os preços avançaram 14,7%.

A performance das exportações das demais categorias também não é boa. O volume exportado de básicos cresceu 1,6% na mesma comparação, enquanto a quantidade de semimanufaturados registrou queda de 0,9%. Os preços de exportação subiram 23% nos básicos, 11% nos semimanufaturados, e 10,6% nos manufaturados.

Segundo Fernando Ribeiro, economista da Funcex, a tendência é de desempenho um pouco melhor nos próximos meses, por conta do fim da greve dos fiscais da Receita Federal. A entrada da safra agrícola deve elevar as vendas de básicos no exterior. Ribeiro projeta alta entre 4% e 5% no volume de exportações de manufaturados em 2008. A quantidade total também deve crescer algo próximo a 5%.

Caso essa previsão se confirme, o volume exportado de manufaturados em 2008 seguirá próximo ao registrado em 2006 e 2007, quando a alta ficou em 2,2% e 3,2%, respectivamente. Em 2005, a quantidade embarcada ao exterior chegou a subir 11%. Ribeiro explica que é muito raro ocorrer queda na quantidade exportada. A última vez foi apenas em 1995, época da paridade cambial.

Alguns setores colaboram para manter o fôlego no volume exportado de manufaturados. É o caso de aviões - um produto de alto valor agregado e pouca influência do câmbio. A quantidade exportada de outros equipamentos de transporte (classificação onde estão os aviões) aumentou 49,6% em 12 meses. Em veículos automotores, a quantidade exportada caiu 0,2%.

O cenário para importações é completamente diferente. O volume de produtos adquiridos no exterior cresceu 21% nos 12 meses acumulados até abril. A alta é expressiva em todas as categorias, especialmente bens de capital (34,3%), intermediários (19,7%) e bens de consumo duráveis (56,3%). Ribeiro alerta que os preços dos produtos importados pelo país estão acelerando. Nos 12 meses até abril, a alta chegou a 13,8%, ritmo mais forte que os 8,2% registrados em 2007. De janeiro a abril desse ano, os preços das importações subiram 21,3%.

Ele avalia que, por enquanto, os preços de exportação e importação do Brasil estão equilibrados, mas esse quadro pode mudar nos próximos meses. Se isso ocorrer, poderá ser mais um fator de deterioração da balança comercial brasileira.