Título: Corregedor recomendará cassação de Paulinho ao Conselho de Ética da Câmara
Autor: Jayme , Thiago Vitale
Fonte: Valor Econômico, 28/05/2008, Política, p. A10

O corregedor-geral da Câmara, deputado Inocêncio Oliveira (PR-PE), decidiu ontem enviar o caso de Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) ao Conselho de Ética com recomendação de cassação do mandato do parlamentar. Paulinho, presidente da Força Sindical, é acusado de integrar quadrilha envolvida em fraudes em repasses de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

"A situação do deputado Paulinho é gravíssima. Tenho a consciência tranqüila de que não estou cometendo nenhuma injustiça", disse ontem o corregedor. Inocêncio baseou a representação encaminhada ao Conselho de Ética nos relatórios da Polícia Federal e do Ministério Público sobre o caso encaminhado à Câmara. "E não há ponto mais grave ou menos grave. Todas as acusações são muito sérias", afirmou.

O maior problema de Paulinho é a longa amizade com João Pedro de Moura, seu ex-assessor, tido nas investigações como um dos coordenadores do esquema. A pedido de Inocêncio, a segurança da Câmara fez um levantamento das andanças de Moura pelas dependências da Casa. "Foram encontradas mais de 40 visitas dele nos últimos meses. E dezenas para o gabinete do deputado Paulinho. Não tem como negar a ligação entre os dois", diz o corregedor.

Inocêncio identificou também que a Câmara fez pagamentos de serviços prestados ao gabinete de Paulinho por pessoas ligadas a João Pedro de Moura. Seria outro indício do forte relacionamento dos dois. Sem dar detalhes do conteúdo, Inocêncio diz que recebeu também um grande volume de gravações de conversas dos integrantes da quadrilha. Em algumas delas, apareceria o nome de Paulinho. "São indícios fortíssimos que já demonstram a culpabilidade do deputado Paulo Pereira da Silva", afirma.

O Conselho de Ética deverá receber o processo ainda hoje. Deverão ser enviados por Inocêncio mais de 20 volumes de documentos que foram repassados pela PF e pelo MP à Câmara. Sobre as reportagens publicadas na imprensa sobre o caso, o corregedor disse que "são todas verdadeiras. Tudo o que se publicou até agora condiz com as investigações".

O nome de Paulinho surgiu depois de a PF deflagrar a Operação Santa Tereza, na qual foi preso o advogado Ricardo Tosto, indicado pelo deputado para integrar o Conselho Administrativo do BNDES. O pedetista nega qualquer envolvimento no esquema e se diz vítima de "perseguição". Em nota, o parlamentar alega que ele mesmo pediu que o caso fosse enviado ao Conselho de Ética, para que tivesse maior oportunidade de defesa.

Além do caso de Paulinho, deve chegar ao Conselho de Ética também o pedido de cassação do deputado Juvenil Alves (PRTB-MG), acusado fraude eleitoral. No dia 3 de abril, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Minas Gerais decretou a perde do mandato do parlamentar abuso de captação e gasto ilícito na campanha eleitoral.

O deputado alega ter conseguido uma liminar que suspende a decisão do TRE até que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) julgue definitivamente o caso. Inocêncio decidiu, então, dar uma semana ao parlamentar para que ele apresente o efeito suspensivo.