Título: Relatórios de PSDB e DEM omitem indiciamentos
Autor: Ulhôa , Raquel
Fonte: Valor Econômico, 29/05/2008, Política, p. A9

Os deputados Carlos Sampaio (PSDB-SP) e Índio da Costa (DEM-RJ) frustraram seus companheiros de oposição por não terem pedido nenhum indiciamento nos relatórios parciais de Sistematização e Fiscalização, respectivamente, apresentados ontem à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos cartões corporativos.

Sampaio, sub-relator de Sistematização e Controle da CPI - e um dos autores do requerimento que a criou, ao lado do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR) -, afirma, ao final do seu relatório, que o único a cometer "ilícito" no caso dossiê com gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi o ex-secretário de Controle Interno da Casa Civil José Aparecido Nunes Pires, por ter vazado o documento. Partiu do computador de Aparecido o e-mail com o dossiê, enviado a André Fernandes, assessor do senador Álvaro Dias (PSDB-PR).

Os demais servidores, cujos nomes não são citados, cometeram, na opinião de Sampaio, apenas "atos de improbidade administrativa". Mesmo assim, alega não ter proposto o indiciamento de Aparecido pelo fato de ele já ter sido indiciado pela Polícia Federal, no inquérito instaurado para apurar o vazamento de informações sigilosas por servidores públicos federais.

Sampaio minimizou o rolo compressor do governo na CPMI, que conseguiu evitar a aprovação da convocação de testemunhas - exceto no caso de Aparecido e Fernandes, que prestaram depoimento, apresentaram versões contraditórias, mas não tiveram a acareação aprovada.

Para congressistas da base governista, os relatórios parciais de Sampaio e Índio acabam confirmando a versão do Palácio do Planalto segundo a qual não houve dossiê, e sim "banco de dados" com dados sobre gastos do governo tucano. "Os sub-relatores confirmam minha convicção de que o dossiê serviu para a disputa política, sem haver dado consistente para incriminar quem quer que seja na Casa Civil", disse o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), relator da comissão.

O petista vai apresentar seu relatório na próxima terça-feira, mas a votação deverá ocorrer na quinta. Pode ser apresentado voto em separado, caso algum parlamentar discorde do resultado.

O deputado Paulo Teixeira (PT-SP), os sub-relatórios "afastaram todos os fantasmas sobre a Presidência da República". Para ele, "é uma prova da inocência" da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) e sua assessora mais importante, Erenice Guerra, secretária executiva da Casa Civil.