Título: BC compra, mas sobram dólares no mercado
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Fonte: Valor Econômico, 17/02/2005, Finanças, p. C3

As aquisições de dólares no mercado pelo Banco Central somaram cerca de US$ 800 milhões em fevereiro, até o dia 9. Com isso, a autoridade monetária mantém o ritmo de fortes aquisições de moeda ocorrido em janeiro, quando se estima que as compras tenham chegado US$ 2,7 bilhões. Com as operações de fevereiro, a tendência é que as reservas em internacionais do BC tenham se aproximado de US$ 30 bilhões. O BC divulgará apenas em março o montante de divisas que adquiriu em fevereiro. Mas é possível chegar a números aproximados a partir das variações diárias da base monetária - cada vez que o BC compra dólares, injeta reais na economia. O mercado de câmbio registra superávit no mês, de US$ 1,34 bilhão até o dia 11. Os números das aquisições do BC e do superávit no mercado de câmbio não são diretamente comparáveis, pois este último contempla dois dias úteis a mais. Mas os dados sugerem que o BC vem absorvendo uma boa parcela dos dólares disponíveis. Portanto, ainda não há indícios de que o swap reverso, que a autoridade monetária começou a vender este mês, tenha incentivado os bancos a reterem mais dólares - o que iria contribuir para evitar uma maior valorização do real. Até o dia 10 de fevereiro, o BC havia realizado dois leilões de swap cambial reverso, com valor total de US$ 1,379 bilhão. Havia a expectativa de que os bancos, que com os swaps reversos estão assumindo posição passiva em dólar no mercado futuro, montassem posições ativas na moeda no mercado à vista. Até janeiro, os bancos vinham assumindo uma posição vendedora em dólar - um total de US$ 2,719 bilhões - devido à expectativa de contínua valorização do real. O superávit no mercado de câmbio nos primeiros dias de fevereiro se deve ao bom resultado da balança comercial. As exportações totalizaram US$ 2,834 bilhões, ante importações de US$ 1,745 bilhões até 11 de fevereiro. Esses números não significam, necessariamente, aumento dos embarques físicos. Os altos juros internos incentivam exportadores a fecharem o câmbio e contratar operações de ACCs e ACEs, para ganhar com arbitragens. No segmento financeiro (no qual transitam empréstimos, investimentos e serviços, como pagamento de juros), as saídas líquidas de dólares somam US$ 26 milhões. De um lado, entraram US$ 2,877 bilhões no país; de outro, observou-se uma saída de US$ 2,903 bilhões. As contas CC-5 registraram um ingresso de US$ 97 milhões até o dia 11. (AR)