Título: Emprego industrial sobe 1,9% em 2004
Autor: Folhapress Do Rio
Fonte: Valor Econômico, 17/02/2005, Brasil, p. A4

O nível de emprego industrial encerrou o ano passado com alta de 1,9%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi o melhor resultado da pesquisa desde 1989, quando a ocupação cresceu 2,1%. Apesar do avanço, em dezembro houve queda de 0,3% no nível de emprego sobre novembro. Na comparação mês contra mês anterior, o emprego na indústria vem caindo desde outubro, segundo cálculos com ajuste sazonal feitos pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

O crescimento de 2004 foi garantido pelo aumento no contingente de trabalhadores em 11 locais e 12 atividades. As principais contribuições positivas na absorção de mão-de-obra foram máquinas e equipamentos (14,1%) e alimentos e bebidas (3,7%). Segundo o economista da Coordenação de Indústria do IBGE, André Macedo, o crescimento só não foi maior porque os setores que lideraram a expansão da indústria no ano passado são mais intensivos em capital do que em mão-de-obra. "Indústrias mais tradicionais, voltadas para o mercado interno, absorvem um número maior de trabalhadores, como a indústria têxtil", disse. O instituto já identificou uma mudança no perfil de crescimento da indústria neste ano. Os chamados bens de consumo duráveis, como geladeiras e fogões, deverão dar lugar aos bens de consumo não-duráveis, como alimentos e roupas, na liderança da expansão industrial. Apesar da fraca base de comparação, Macedo afirma que o crescimento do ano passado é expressivo. "A base fraca deve ser levada em conta, mas nos outros anos ela já existia e a indústria não parava de cair", afirmou. O último ano positivo do emprego industrial foi 2000, quando houve crescimento de 0,6%. Minas Gerais e São Paulo lideraram as contratações na indústria no ano passado com percentuais de 4,4% e de 1,5%, respectivamente. Em Minas, dos 13 setores que aumentaram o número de pessoas ocupadas, os destaques foram máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (18,7%) e alimentos e bebidas (4,5%). Em São Paulo, dos 12 ramos que apresentaram expansão da mão-de-obra, as maiores contribuições foram máquinas e equipamentos (22,5%) e alimentos e bebidas (5,6%). O número de horas pagas aos trabalhadores cresceu 2,2%. O desempenho positivo foi disseminado em 13 das 14 regiões e em 12 dos 18 setores pesquisados. Os aumentos mais expressivos também foram registrados em São Paulo (1,8%) e Minas Gerais (5,3%). O único resultado negativo veio da indústria do Rio de Janeiro, com queda de 3,5% nas horas pagas. Segundo Macedo, as horas pagas funcionam como um indicador antecedente sobre novas contratações. Quando o empresário é obrigado a pagar muitas horas extras, cresce a probabilidade de que o aumento na produção se transforme também em expansão da mão-de-obra, explicou. A folha de pagamento dos trabalhadores cresceu 9% no ano, o resultado mais elevado em dez anos. Para o IBGE, o crescimento marca a trajetória de consolidação da massa de salários com a recuperação da atividade industrial. Em 2004, a indústria cresceu 8,3% e registrou a maior expansão dos últimos 18 anos. Os setores de bens de capital, como máquinas e equipamentos, e bens de consumo duráveis lideraram a expansão. A Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário do IBGE produz indicadores de curto prazo relativos ao comportamento do emprego e dos salários nas atividades industriais, sobre pessoal ocupado assalariado, admissões, desligamentos, número de horas pagas e valor da folha de pagamento em termos nominais (valores correntes) e reais (deflacionados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - IPCA). A coleta é realizada mensalmente nas empresas registradas no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica.