Título: Demanda facilita reajuste de preços no varejo
Autor: Lamucci , Sergio
Fonte: Valor Econômico, 30/05/2008, Brasil, p. A3

A abertura dos dados das pesquisas feitas para compor o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e os Índices de Preços no Atacado (IPAs) mostra que a demanda e a inflação "importada" abriram espaço para o reajuste de preços em alguns bens de consumo, além dos alimentos. Em setores como calçados e têxteis, os preços sobem no varejo mesmo sem terem sido pressionados por alta forte e disseminada de custos no atacado. Os reajustes, contudo, não estão generalizados e em alguns setores, como o automotivo e o de eletroeletrônicos, seguem comportados.

Os preços de calçados e artigos de vestuário registram altas significativas nos 12 meses terminados em abril. No IPCA, calçados e acessórios subiram 9,03% no período, enquanto as cotações do grupo vestuário aumentaram 5,62%. Um dos mais importantes insumos para a produção de calçados, o couro teve elevações no atacado mais comedidas nos 12 meses até abril.

No Índice de Preços no Atacado - Disponibilidade Interna (IPA-DI), o couro "wet blue" teve recuo de 1,75%, enquanto o couro semi acabado sobe 5,41%. No caso dos insumos para o setor de vestuário, os tecidos tiveram um comportamento bastante divergente, dependendo do material de que é feito o produto. Os tecidos de algodão recuaram 0,94% nos 12 meses até abril, ao passo que os de fios sintéticos e artificiais subiram 7,08%.

Para o economista Luís Fernando Azevedo, da Rosenberg & Associados, num momento de demanda aquecida, os dois setores, que sofreram com a valorização do câmbio nos últimos anos, aproveitam para reajustar os preços, repassando alguns dos aumentos de custos. Ele também vê alguma influência do fato de que produtos vindos da China começam a entrar no país mais caros (ver abaixo). Com isso, os fabricantes locais podem se sentir mais confortáveis para reajustar seus preços, avalia.